Caso Skripal. NATO expulsa sete diplomatas russos

por RTP
"Isto envia uma mensagem muito clara à Rússia de que há custos", afirmou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg Yves Herman - Reuters

A Aliança Atlântica juntou-se esta terça-feira à vaga ocidental de medidas punitivas de resposta ao caso do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido. A missão da Rússia junto da NATO sofreu uma redução, com sete diplomatas a receberem ordem de expulsão.

Jens Stolenberg, secretário-geral da NATO, indicou também que a Aliança Atlântica rejeitou os pedidos de acreditação para outros três elementos da missão da Rússia, reduzindo a equipa de 30 para um máximo de 20 elementos.

O secretário-geral disse esta terça-feira, em conferência de imprensa, que esta ação "envia uma mensagem clara à Rússia de que há custos".

Ainda que a expulsão dos diplomatas esteja diretamente relacionada com o ataque de Salsbury, Jens Stolenberg explicou que a ação faz parte de uma resposta mais ampla "a um padrão de comportamentos inaceitáveis e perigosos" por parte da Rússia.

"Assistímos à anexação ilegal da Crimeia, vimos a destabilização da zona leste da Ucrânia, ciberataques, táticas híbridas, vimos a Rússia a investir bastante em equipamento militar moderno e com disposição em usar força militar contra os países vizinhos", referiu o responsável pela Aliança Atlântica, em que destacou que o ataque em Salisbury "foi o primeiro com uso de um agente nervoso em território da NATO".

"No passado dia 14 de março, os aliados clarificaram a sua preocupação profunda, bem como a condenação desta violação imprudente das normas internacionais. Desde então, os aliados têm estado em conversações (…) que resultaram, até agora, na expulsão de mais de 140 responsáveis russos em 25 países da NATO e parceiros", disse Jens Stolenberg em declaração aos jornalistas.

Referiu ainda que "esta é uma resposta internacional forte e coordenada. Como parte dessa resposta, a NATO está unida para tomar novas medidas”.

Nos Estados Unidos, o secretário de Defesa, Jim Mattis, refere que a expulsão dos diplomatas russos é uma "prova para aqueles que duvidam da união da NATO".

Mattis considera que a Rússia tem potencial para ser um parceiro da Europa e dos países ocidentais, mas que pelos seus gestos procuraram "uma relação diferente" com os países da Alianla Atlântica.

Desde segunda-feira, pelo menos vinte e cinco países, entre eles os Estados Unidos, decidiram expulsar mais de 15 de diplomatas russos dos respetivos territórios na sequência do envenenamento de Sergei Skripal e da filha, Yulia Skripal, no passado dia 4 de março, na cidade de Salisbury, no sul de Inglaterra.

O Reino Unido entende que a Rússia está ligada ao ataque do ex-espião com Novichok, um agente tóxico que ataca o sistema nervoso, ainda que as autoridades russas continuem a negar qualquer envolvimento. Na segunda-feira, a primeira-ministra Theresa May voltou a apontar o dedo a Moscovo e realçou que pelo menos 120 pessoas poderiam ter sido expostas ao químico.

Ainda que a Rússia não pertença à NATO, tem firmado vários acordos e aproximações ao antigo bloco inimigo desde o final da Guerra Fria. No entanto, a relação que se consolidava desde 1991 arrefeceu há quatro anos, aquando da anexação unilateral da Crimeia por Moscovo. 
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