Catalães garantem que vão votar domingo

por RTP
Jovens com bandeiras independentistas da Catalunha dirigem-se a uma manifestação de apoio ao referendo de 1 de outubro. Jon Nazca - Reuters

Apesar de todas as tentativas de Madrid para impedir o referendo independentista marcado para domingo 1 de outubro, incluindo apreensão de boletins de voto e encerramento de escolas ou centros onde se poderão existir locais de votação, os organizadores garantem ter duas mil assembleias de voto.

"Iremos até ao fim", afirmou o dirigente da região, Carles Puigdemont, durante uma reunião com os representantes dos centros escolares onde poderão ser colocadas as mesas de voto.

Puigdemont assumiu perante eles "toda a responsabilidade" da organização do referendo, com o seu Governo regional.

Desde o anúncio do referendo que se joga um jogo de gato e de rato entre os independentistas e organizadores da consulta e os polícias enviados por Madrid para apreender os materiais de campanha e de votação, como os boletins de voto.

O Governo central de Espanha não se cansa de ameaçar com sanções e de enviar meios para impedir o voto. Quinta-feira apreendeu 2,5 milhões de boletins de voto e quatro milhões de envelopes num armazém em Igualada, perto de Barcelona. Encontrou também uma centena de urnas mas não se sabe se estão ligadas ao escrutínio.

Sucedem-se entretanto as manifestações e os preparativos para evitar que o referendo seja anulado.

Já o Ministério do Interior espanhol alerta para a alegada presença na Catalunha de centenas de 'rebeldes' que estarão alegadamente prontos a causar distúrbios.
Apelo à normalidade
Carles Puigdemont afirmou à agência Reuters a sua convicção de que tudo irá correr com normalidade.

"Não acredito que alguém vá usar violência ou a queira provocar e que iria manchar a imagem impecável do movimento de independência da Catalunha como pacifista", referiu.

Puigdemont apelou aos agentes da polícia espanhola, que têm sido enviados aos milhares para bloquear qualquer tentativa de realização do referendo, para agir de forma profissional e não política, ao cumprir os seus deveres no domingo.

"Gostaria que usassem os mesmos padrões de comportamento que usa a polícia catalã", disse. "Sem padrões políticos, sem obedecer a ordens politicas mas a padrões policiais e profissionais" disse.

A mesma ideia foi transmitida pelo vice-presidente do Governo regional.

Onu recomenda prudência a Madrid
Apesar de dividida sobre a independência, a maioria da população da Catalunha é a favor de um referendo legal. Há múltiplos apelos a não dar a Madrid nenhum pretexto para refutar a consulta.

"Não lhe demos nenhuma desculpa. É o que eles querem. E cantemos alto e forte "#iremosvotar", escreveu na rede social Twiter o defesa do FC Barcelona, Gérad Piqué, numa pubblicação que de imediato se tornou viral.

O Governo de Mariano Rajoy e a justiça, baseados na Constituição espanhola, decidiram proibir o referendo e enviaram para a Catalunha reforços policias de mais de 10.000 agentes. Pretendem bloquear o acesso às assembleias de voto.

Um especialista da ONU apela Madrid a ser prudente.

"Independentemente da legalidade do referendo, as autoridades espanholas têm a responsabilidade de respeitar direitos essenciais para as sociedades democráticas", afirmou David Kaye, relator para a promoção do direito à liberdade de expressão e de opinião.
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