Cerca de 5,5 milhões de eleitores votam esta quinta-feira nas eleições regionais da Catalunha, depois de o anterior Executivo ter declarado unilateralmente a independência. Madrid respondeu com a aplicação do artigo 155 da Constituição e convocou novo processo eleitoral. Todas as sondagens preveem um Parlamento regional fragmentado.
Estão em jogo três partes: os independentistas representados pelos partidos JuntsxCat, liderado por Charles Puigdemont, o ERC e a CUP, os chamados “constitucionalistas” que rejeitam a independência, o Ciudadanos de Inés Arrimadas, o PSC e o Partido Popular. Existe ainda o Comuns (CatECP), que se distancia do artigo 155 e do caminho unilateral de independência.
Esta é a terceira vez, nos últimos cinco anos, que os catalães são convocados às urnas e o resultado vai comprovar se o slogan adotado pelos independentistas, uma “maioria social”, é ou não uma realidade. O resultado está dependente do voto de cerca de um milhão de indecisos.
As eleições chegam depois de uma campanha com poucos argumentos, poucas propostas para o futuro e cheias de censuras ao passado. Mas isso não impediu que o movimento de independência tenha claramente transmitido a ideia de que, de uma forma ou de outra, continuará com o processo secessionista se as três partes que formam esse bloco (Esquerra, Junts por Catalunya e a CUP) tiver uma maioria absoluta no Parlamento.
Os partidos soberanistas não aceitam que o processo esteja morto, mas a constatação de que a independência é inviável por meios unilaterais e que não será reconhecida por nenhum país mudou a estratégia da ERC e da JuntsxCat. Ambas as partes definem como prioridade o fim da aplicação do artigo 155.
A coincidência nos objetivos não esconde as grandes rivalidades que existem entre os dois grandes partidos independentistas. A Esquerra aspira finalmente tirar a hegemonia nacionalista da antiga convergência e esta resiste ao argumento de que o que importa agora é "restaurar" o que o Governo de Madrid retirou com a aplicação do artigo 155.
Os três partidos constitucionalistas e que apoiaram a decisão de Madrid, o Ciudadanos, o PSC e o PP, prometeram "virar a página" se com uma coligação conseguirem uma maioria, o que significa eleger 68 dos 135 deputados.