Catalunha com autonomia congelada decide futuro em eleições

por Jorge Almeida - RTP
Esta é a terceira vez, nos últimos cinco anos, que os catalães são convocados às urnas Juan Medina - Reuters

Cerca de 5,5 milhões de eleitores votam esta quinta-feira nas eleições regionais da Catalunha, depois de o anterior Executivo ter declarado unilateralmente a independência. Madrid respondeu com a aplicação do artigo 155 da Constituição e convocou novo processo eleitoral. Todas as sondagens preveem um Parlamento regional fragmentado.

As mesas de voto na região da Catalunha estão abertas desde as 9h00 para que os 5,5 milhões de catalães possam depositar o seu voto. Espera-se uma baixa taxa de abstenção, num eleitorado que se encontra bastante dividido.

Estão em jogo três partes: os independentistas representados pelos partidos JuntsxCat, liderado por Charles Puigdemont, o ERC e a CUP, os chamados “constitucionalistas” que rejeitam a independência, o Ciudadanos de Inés Arrimadas, o PSC e o Partido Popular. Existe ainda o Comuns (CatECP), que se distancia do artigo 155 e do caminho unilateral de independência.

Esta é a terceira vez, nos últimos cinco anos, que os catalães são convocados às urnas e o resultado vai comprovar se o slogan adotado pelos independentistas, uma “maioria social”, é ou não uma realidade. O resultado está dependente do voto de cerca de um milhão de indecisos.

As eleições chegam depois de uma campanha com poucos argumentos, poucas propostas para o futuro e cheias de censuras ao passado. Mas isso não impediu que o movimento de independência tenha claramente transmitido a ideia de que, de uma forma ou de outra, continuará com o processo secessionista se as três partes que formam esse bloco (Esquerra, Junts por Catalunya e a CUP) tiver uma maioria absoluta no Parlamento.

Os partidos soberanistas não aceitam que o processo esteja morto, mas a constatação de que a independência é inviável por meios unilaterais e que não será reconhecida por nenhum país mudou a estratégia da ERC e da JuntsxCat. Ambas as partes definem como prioridade o fim da aplicação do artigo 155.

Foto: Albert Gea - Reuters

A coincidência nos objetivos não esconde as grandes rivalidades que existem entre os dois grandes partidos independentistas. A Esquerra aspira finalmente tirar a hegemonia nacionalista da antiga convergência e esta resiste ao argumento de que o que importa agora é "restaurar" o que o Governo de Madrid retirou com a aplicação do artigo 155.

Os três partidos constitucionalistas e que apoiaram a decisão de Madrid, o Ciudadanos, o PSC e o PP, prometeram "virar a página" se com uma coligação conseguirem uma maioria, o que significa eleger 68 dos 135 deputados.
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