Catalunha. Milhares de manifestantes marcham até Barcelona em dia de greve geral

por RTP
Pelo menos 100 pessoas foram detidas e quase 200 agentes da polícia ficaram feridos desde o início dos protestos Albert Gea - Reuters

Lojas vandalizadas, caixotes do lixo e carros em chamas, confrontos com a polícia e agressões entre grupos de extrema-direita e manifestantes antifascistas. Foi assim a quarta noite consecutiva de protestos na Catalunha, com mais incidência em Barcelona. Esta sexta-feira, os protestos já levaram ao corte de várias estradas e ao cancelamento de voos. Em dia de greve geral, espera-se que esta sexta-feira se viva a maior manifestação a favor da independência na região, numa altura em que milhares de manifestantes marcham pela liberdade em direção a Barcelona.

A tarde de quinta-feira decorria sem grandes incidentes, mas ao início da noite e ao longo da madrugada o ambiente agudizou-se, com intensos confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Vários carros e contentores incendiados, confrontos com a polícia e agressões entre manifestantes marcaram a quarta noite consecutiva de protestos. O último balanço aponta para 42 feridos e 19 pessoas detidas.
 
A condenação dos líderes independentistas foi o rastilho para uma onda de manifestações violentas.

A última madrugada de protestos acabou mais cedo devido a uma atuação mais violenta dos Mossos d’Esquadra (polícia catalã), tal como explicam os manifestantes.

“A polícia está a utilizar balas de borracha que não são legais em Espanha e não estão a disparar de forma correta. Teriam que disparar para o chão, ou mais de 30 metros, e estão a fazê-lo a distâncias muito curtas, magoando muitas pessoas”, explica uma testemunha, ouvida pela Antena 1.
Cortes de estradas e voos cancelados
Esta sexta-feira está também a ser marcada por cortes de autoestradas e várias vias na Catalunha, entre as quais a N2, próximo da fronteira entre Espanha e a França, disse o Ministério do Fomento.

Na cidade de Barcelona várias artérias foram já parcialmente fechadas à circulação por causa das manifestações que se vão prolongar, previsivelmente, durante todo o dia.Pelo menos 100 pessoas foram detidas e quase 200 agentes da polícia ficaram feridos desde o início dos protestos.

O caos também se instalou no aeroporto de Barcelona, com mais de meia centena de voos cancelados devido à greve geral.

Segundo as autoridades (Guardia Urbana) o trânsito vai ser restringido na Avenida Meridiana e a Ronda del Litoral, assim como numa das entradas de Barcelona, em Lobregat.

Os serviços mínimos decretados nos serviços de metropolitano e autocarros, assim como nos comboios da Renfe, funcionavam com normalidade às primeiras horas do dia.

Fontes da empresa Transports Metropolitans de Barcelona (TMB) disseram à agência de notícias EFE que os serviços de metropolitano e autocarro estão a funcionar em “regime de serviço mínimo” e que não se registaram incidentes nos transportes públicos.
“Marcha pela Liberdade"
Na passada quarta-feira, milhares de manifestantes pró-democracia iniciaram uma “Marcha pela Liberdade”. Começam a chegar esta sexta-feira a Barcelona onde se concentram em defesa da libertação dos líderes independentistas que estão detidos.

São esperadas milhares de pessoas nas ruas para uma greve geral que promete paralisar a Catalunha e, muito provavelmente, trazer mais violência para as ruas, até porque o Presidente do Governo Regional, Quim Torra, apelou à "desobediência civil" ao pedir um novo referendo sobre a independência, desafiando o Tribunal Constitucional.

A marcha, organizada em cinco colunas, partiu de Girona, Vic (Barcelona), Berga (Barcelona), Tàrrega (Leda) e Tarragona e ao longo do percurso causaram cortes intermitentes em importantes estradas da Catalunha, como a AP7 e a A2.

A greve geral foi convocada pelos sindicatos independentistas Intersindical-CSC e Intersindical Alternativa de Catalunya (IAC).

A Unión General de Trabajadores (UGT) e a Confederación Sindical de Comisiones Obreras (CC.OO) demarcaram-se do protesto por não o terem convocado.

c/Lusa
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