Catalunha: Procuradoria-Geral manda selar locais de voto antes de referendo

por RTP
Jon Nazca - Reuters

A Procuradoria-Geral da Catalunha ordenou que a polícia catalã sele antecipadamente as escolas e centros cívicos que previsivelmente possam servir de assembleias de voto no dia 1 de outubro. Mariano Rajoy veio apelar a um "retorno ao bom senso" ao lado de Donald Trump, na Casa Branca. O presidente norte-americano defendeu que Espanha "deve ficar unida".

Numa instrução remetida ao chefe da polícia catalã, Josep Lluis Trapero, é ordenado que os Mossos d’Esquadra impeçam inclusivamente votações nas ruas de acontecerem a menos de 100 metros do “local designado” para a votação.

O Procurador-geral José María Romero de Tejada ordenou que a polícia sele os colégios eleitorais “com antecedência suficiente e antes de 30 de setembro", deixando ainda a instrução para que identifiquem quem possa tentar ocupar esses centros e que seja apreendido qualquer tipo de material que possa servir à votação, como urnas ou boletins de voto.
 
A ordem é para que o efetivo policial vigie depois a integridade da selagem dos locais até às 21h00 de domingo (hora local), ou seja, até ao fim do que poderá ser o dia de voto. Ao mesmo tempo, a Procuradoria incumbe os Mossos d’Esquadra de impedir a constituição de mesas eleitorais, prevista pela Generalitat para as 7h30.

A instrução do Ministério Público não deixa margem de interpretação para a polícia catalã, diz o El Pais. De acordo com o El Mundo, a Procuradoria deixa a indicação que os Mossos d’Esquadra devem “requerer o auxílio e colaboração das policiais locais” para controlar os colégios eleitorais, bem como solicitar o apoio da Policía Nacional e da Guardia Civil.

O Ministério do Interior mobilizou reforços destas forças de segurança na Catalunha para evitar que o referendo sobre a independência se realize, depois de esta consulta popular ter sido declarada ilegal pelo Tribunal Constitucional.

Estas instruções colocam ainda mais pressão sobre os Mossos d`Esquadra, que estão a ser "coordenados" desde sábado por um oficial da polícia vindo de Madrid, contra a vontade do Governo catalão, que criticou a medida.

Apesar das decisões dos tribunais e da pressão de Madrid, o presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, mantém que o referendo de autodeterminação se irá realizar.
Trump: Espanha “deve ficar unida”
O Presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu esta terça-feira que a Espanha “deve ficar unida”. Foram palavras proferidas na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy.

“Penso que a Espanha é um grande país e que ela deve ficar unida”, disse Donald Trump, a cinco dias da realização do referendo de autodeterminação da Catalunha, convocado pelos separatistas e proibido por Madrid.

Trump acrescentou que “os habitantes da Catalunha falam disso há muito tempo. Se houvesse números e sondagens precisos veriam que eles adoram o seu país. Eles adoram Espanha. E não vão abandoná-la”.

“Penso realmente que o povo da Catalunha escolherá ficar em Espanha. Penso que seria idiota não o fazer. Trata-se de ficar num grande país, magnífico, com uma verdadeira história”, insistiu.

Ao lado de Trump nos jardins da Casa Branca, Rajoy aproveitou para apelar a “um retorno ao bom senso” na Catalunha.
Rajoy cancela participação na cimeira europeia de Tallin
O chefe do Governo espanhol decidiu cancelar a sua participação esta semana na Cimeira Europeia de Tallin (Estónia) devido à situação que se vive na Catalunha e também para estar presente na aprovação do Orçamento Geral de Estado para 2018.

Segundo “fontes do Governo” citadas pela agência espanhola EFE, a situação na Catalunha é a razão principal para Mariano Rajoy cancelar a viagem, mas a decisão também foi influenciada pela previsível aprovação esta sexta-feira, em Conselho de Ministros, do orçamento para o próximo ano.

O chefe do Governo espanhol deveria deslocar-se a Tallin na quinta-feira à tarde para participar no jantar dos líderes europeus que antecede o Conselho Europeu de sexta-feira.

As fontes citadas pela EFE adiantam que a cimeira europeia tem um caráter “informal” não estando previsto a aprovação de decisões, o que facilita a ausência de Mariano Rajoy.
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