«O chefe do Governo cessante deve combinar estreitamente a política externa e a política europeia com a futura chanceler Angela Merkel», disse hoje, em Berlim, Matthias Wissmann, membro da CDU e presidente da comissão de assuntos europeus do Parlamento Federal.

Esta premissa é válida também, segundo o representante da CDU, para a Cimeira Europeia de Chefes de Estado e de Governo, em finais de Outubro, em Bruxelas, na qual Schroeder ainda representará a Alemanha.

«Se Schroeder participar na Cimeira saberá que tem de combinar primeiro as coisas com a sua sucessora», sublinhou Wissmann.

O dirigente da CDU disse também não esperar «quaisquer decisões» da visita de Schroeder a Ancara, hoje à noite, para uma reunião com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyp Erdogan.

«Será uma visita de despedida para Schroeder, e não serão colocados trilhos nenhuns», sublinhou Wissmann.

Schroeder apoiou as pretensões do Governo de Ancara para a adesão à União Europeia, alegando que a UE tem de cumprir a promessa que fez à Turquia há mais de 40 anos.

Simultaneamente, o político social-democrata admitiu que as negociações entre Bruxelas e Ancara serão «longas e difíceis».

Ao contrário de Schroeder, a líder da CDU, Angela Merkel, pronunciou-se sempre contra a adesão da Turquia à UE e defendeu apenas uma «parceria privilegiada» com Ancara.

Como foi anunciado no princípio da semana, Angela Merkel será a futura chanceler da Alemanha, se as negociações entre democratas- cristãos e sociais-democratas (SPD) para formar novo Governo forem concluídas com êxito.

No entanto, a Turquia espera que, com Angela Merkel na Chancelaria Federal, haja continuidade na política externa de Berlim, segundo fontes do Governo turco citadas pela imprensa germânica.

«Não há razões para recearmos uma chanceler Angela Merkel», afirmava hoje, em editorial, o jornal turco Milliyet.

Por sua vez, o Presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Turco, Mehmet Duelger, disse ao mesmo jornal, referindo-se à futura chefe do executivo alemão, que «há uma grande diferença entre os discursos na praça pública, durante a campanha eleitoral, e o dia a dia do governo».