Centenas manifestam-se após morte de afro-americano às mãos da polícia dos EUA

por Lusa
Gaelen Morse - Reuters

Centenas de pessoas manifestaram-se no domingo em Akron, Ohio, após a polícia ter divulgado vídeos que confirmam que oito agentes atingiram 60 vezes um jovem afro-americano nesta cidade perto de Cleveland, no norte dos Estados Unidos.

Após as autoridades terem apelado a que as manifestações decorressem de forma pacífica, uma marcha seguiu em direção à sede da autarquia de Akron, com faixas pedindo "Justiça para Jayland".

Jayland Walker foi morto em 17 de junho, enquanto fugia da polícia a pé, após agentes terem tentado parar o veículo que o jovem de 25 anos conduzia, a que se seguiu uma perseguição de carro.

As forças de segurança divulgaram no domingo vídeos dos agentes a dispararem contra Walker, imagens que o chefe de polícia de Akron, Stephen Mylett, admitiu serem "chocantes" e "difíceis de assistir".

Mylett revelou que, segundo o relatório do médico legista, o corpo do jovem afro-americano foi atingido por 60 balas. De acordo com a imprensa local, os polícias dispararam mais de 90 vezes.

Associações antirracistas tinham apelado a manifestações, pelo quarto dia consecutivo, em Akron, uma cidade de 190 mil habitantes, conhecida por ser a terra natal da estrela de basquetebol LeBron James.

Para o presidente da organização americana de defesa dos direitos civis NAACP, Derrick Johnson, a morte de Walker foi "um assassínio".

"Este homem negro foi morto (...) por uma possível infração de trânsito. Isso não acontece com a população branca nos Estados Unidos", acrescentou.

A marcha de domingo foi pacífica, exceto por um momento de tensão, em que os manifestantes se aproximaram de um cordão da polícia e insultaram os agentes.

O autarca de Akron, Dan Horrigan, disse apoiar "totalmente o direito" dos habitantes a "expor as suas queixas em público", acrescentando estar "com o coração partido" pela morte de Walker.

"Mas espero que as pessoas concordem que violência e destruição não são a solução", disse Horrigan, numa conferência de imprensa, durante a qual também anunciou a abertura de uma investigação independente.

Os oito polícias envolvidos na morte foram suspensos administrativamente até ao fim do inquérito judicial.

A autarquia já tinha decidido na quinta-feira cancelar um festival anual previsto para o fim de semana prolongado do feriado nacional americano, que se celebra hoje, por considerar que "não era altura para festividades".

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