Mundo
China apela à "unidade interétnica" no Tibete
Perante 20 mil pessoas concentradas na praça principal da capital tibetana, o presidente chinês apelou à unidade. Durante as comemorações para assinalar os 60 anos desde que a China criou a região autónoma após a anexação do Tibete, Xi Jinping esteve em Lhasa, naquela que foi uma visita rara.
O presidente chinês elogiou o governo local por “se envolver numa luta exaustiva contra o separatismo” — uma referência à resistência tibetana a Pequim, que dura há décadas.
Esta visita acontece apenas dois meses depois de o Dalai Lama ter anunciado que seria o seu gabinete, e não a China, a escolher o seu sucessor. No entanto, os líderes chineses afirmam que só eles têm o poder de supervisionar a escolha do próximo líder espiritual do Tibete.
A presença de Xi Jiping também ocorre um mês após ter começado a ser construída, na região tibetana, aquela que será a maior barragem do mundo.

Foto: Carlos Garcia Rawlins - Reuters
Na reunião com as autoridades locais na quarta-feira, o presidente chinês encorajou os intercâmbios bilaterais económicos, culturais e de pessoal de e para o Tibete, bem como a popularização de uma língua e caracteres comuns a nível nacional.
Xi Jiping também destacou o que considera serem as quatro principais tarefas da região: garantir a estabilidade, facilitar o desenvolvimento, proteger o ambiente e reforçar as fronteiras.

Foto: AFP (Palácio Potala em Lhasa)
As políticas do Partido Comunista Chinês incluem novas leis que regulamentam a educação das crianças tibetanas, que agora devem frequentar escolas chinesas estatais e aprender mandarim. O presidente chinês pediu também uma regulamentação mais forte dos “assuntos religiosos” e a necessidade de “orientar o budismo tibetano para se adaptar à sociedade socialista”.
No entanto, não fez qualquer referência ao Dalai Lama, o líder espiritual tibetano que vive exilado na Índia desde que fugiu em 1959.

Foto: Reuters
O líder de 90 anos sempre defendeu uma “via intermédia” para resolver o estatuto do Tibete, mas Pequim considera-o um separatista.
A capital do Tibete, Lhasa, fica a uma altitude que pode causar problemas de saúde para o presidente chinês, de 72 anos. Ainda assim, a presença de Xi Jiping demonstra o desejo de afirmar autoridade sobre a região.
Esta é a segunda visita de Xi Jinping como chefe de Estado a esta região montanhosa do sudoeste da China, cuja história é marcada por movimentos de oposição ao poder.
Organizações de defesa dos Direitos Humanos acusam a China de reprimir a liberdade religiosa e de impor uma vigilância rigorosa sobre a população.
Em resposta, Pequim afirma ter melhorado drasticamente as condições de vida dos habitantes e nega ter suprimido os seus direitos humanos e liberdade de expressão.

Foto: Reuters
Esta visita acontece apenas dois meses depois de o Dalai Lama ter anunciado que seria o seu gabinete, e não a China, a escolher o seu sucessor. No entanto, os líderes chineses afirmam que só eles têm o poder de supervisionar a escolha do próximo líder espiritual do Tibete.
A presença de Xi Jiping também ocorre um mês após ter começado a ser construída, na região tibetana, aquela que será a maior barragem do mundo.
Foto: Carlos Garcia Rawlins - Reuters
De acordo com um resumo oficial do discurso, Xi Jiping terá afirmado que, “para governar, estabilizar e desenvolver o Tibete, a primeira coisa a fazer é manter a estabilidade política, a estabilidade social, a unidade étnica e a harmonia religiosa”.
Na reunião com as autoridades locais na quarta-feira, o presidente chinês encorajou os intercâmbios bilaterais económicos, culturais e de pessoal de e para o Tibete, bem como a popularização de uma língua e caracteres comuns a nível nacional.
Foto: AFP (Palácio Potala em Lhasa)
No entanto, não fez qualquer referência ao Dalai Lama, o líder espiritual tibetano que vive exilado na Índia desde que fugiu em 1959.
Foto: Reuters
O líder de 90 anos sempre defendeu uma “via intermédia” para resolver o estatuto do Tibete, mas Pequim considera-o um separatista.
A capital do Tibete, Lhasa, fica a uma altitude que pode causar problemas de saúde para o presidente chinês, de 72 anos. Ainda assim, a presença de Xi Jiping demonstra o desejo de afirmar autoridade sobre a região.
Esta é a segunda visita de Xi Jinping como chefe de Estado a esta região montanhosa do sudoeste da China, cuja história é marcada por movimentos de oposição ao poder.
Organizações de defesa dos Direitos Humanos acusam a China de reprimir a liberdade religiosa e de impor uma vigilância rigorosa sobre a população.
Em resposta, Pequim afirma ter melhorado drasticamente as condições de vida dos habitantes e nega ter suprimido os seus direitos humanos e liberdade de expressão.
Quando a BBC visitou um mosteiro tibetano na província de Sichuan em junho, os monges afirmaram que os tibetanos estavam a ser privados dos seus Direitos Humanos e que o Partido Comunista Chinês (PCC) continuava a “oprimir e perseguir” o seu povo.
Tibete, o Teto do Mundo
Cercado por cadeias montanhosas e formado por uma ampla planície central, o Tibete é a região mais elevada do planeta Terra e é apelidado como "Teto do Mundo".
Cercado por cadeias montanhosas e formado por uma ampla planície central, o Tibete é a região mais elevada do planeta Terra e é apelidado como "Teto do Mundo".
Foto: Reuters
Não sendo reconhecido pela ONU como país independente, o Tibete entrou na lista de preocupações das Nações Unidas em 2024. O chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, acusou o governo chinês de cometer “violações dos direitos humanos” nas regiões de Xinjiang e no Tibete.
Em causa as “leis, políticas e práticas que violam os direitos fundamentais, incluindo nas regiões de Xinjiang e Tibete”, disse Turk ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra. Pequim negou a violação de direitos humanos na região.
Atualmente, o Tibete é uma “Região Autónoma” sob controlo da China. A história da região, no entanto, é marcada por períodos de independência e momentos de domínio estrangeiro.
Por exemplo, em 1904 o território foi invadido por tropas britânicas. Com a queda da dinastia Qing, na China, o Tibete declarou independência em 1913 e foi governado pelo 13º Dalai Lama até 1933. As tensões entre o Tibete e a China começaram a crescer no fim da década de 1940.
Em 1950, tropas chinesas invadiram o Tibete. O Dalai Lama, então com 15 anos, assumiu como chefe de Estado. Em 1951, sob pressão, representantes tibetanos assinaram um acordo reconhecendo a soberania chinesa. Houve resistências isoladas nos anos seguintes.
Em 1959, houve uma grande revolta do povo tibetano contra a China. A repressão chinesa levou o Dalai Lama ao exílio na Índia, onde criou um governo no exílio.
Desde então, o Dalai Lama nunca mais voltou ao Tibete.