China condena livreiro sueco Gui Minhai a dez anos de prisão

por Lusa

Pequim, 25 fev 2020 (Lusa) - O livreiro e ativista sueco Gui Minhai, que vendeu livros críticos do regime chinês, foi condenado a 10 anos de prisão por "prestar serviços ilegais de inteligência a países estrangeiros".

Em comunicado, o Tribunal Popular Intermédio de Ningbo apontou que o ativista declarou-se culpado e não recorreu da sentença, que também inclui a perda por cinco anos dos seus direitos políticos.

A mesma nota informou que, embora Gui se tenha tornado cidadão sueco em 1996, em 2018 pediu para recuperar a nacionalidade chinesa.

O caso de Gui causou fortes tensões diplomáticas entre Estocolmo e Pequim. Em novembro passado, os dois países voltaram a envolver-se numa disputa diplomática, depois de a ministra da Cultura da Suécia, Amanda Lind, ter participado numa homenagem ao livreiro, apesar de o embaixador chinês em Estocolmo ter avisado que a participação de qualquer representante do Governo no ato implicaria uma proibição da sua entrada na China.

Os problemas de Gui Minhai com o regime começaram no outono de 2015, quando cinco editores e livreiros de Hong Kong críticos de Pequim desapareceram misteriosamente para reaparecer só sob custódia da China volvidos alguns meses.

Numa mensagem difundida pela televisão estatal chinesa, Gui disse que regressou à China para assumir a responsabilidade pela morte de uma jovem que alegadamente atropelou em 2003.

O livreiro foi libertado, em outubro de 2017, após cumprir uma sentença de dois anos, mas meses depois foi preso novamente pelas autoridades chinesas quando viajava num comboio para Pequim acompanhado por diplomatas suecos, para fazer exames médicos na embaixada sueca.

Numa nova aparição na imprensa estatal, Gui disse há dois anos que foi manipulado pelas autoridades suecas, que queriam tirá-lo do país "ilegalmente". Naquela entrevista, ele fez várias críticas ao país europeu.

Na China, é comum acusados mostrarem publicamente o seu arrependimento através da imprensa oficial.

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