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China desiste de financiar centrais elétricas a carvão no estrangeiro

por RTP
Discurso de Xi Jinping, Presidente da China, à 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de setembro de 2021 Reuters

Perante a 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, o Presidente da China prometeu deixar de financiar a construção de novas centrais de produção elétrica a carvão noutros países. Uma cedência perante pressões para o mundo conseguir cumprir os objetivos do Acordo de Paris para o clima.

Xi Jinping foi um pouco mais longe. “A China irá incrementar os apoios a outros países em desenvolvimento para desenvolverem energia verde e de baixas emissões de carbono, e não irá construir no exterior novos projetos de produção de energia a carvão”, afirmou num vídeo transmitido perante a Assembleia. A decisão chinesa copia a anunciada há pouco pelo Japão e pela Coreia do Sul. Pequim tem financiado a construção de centrais a carvão em países como a Indonésia, o Bangladesh e do Vietname, ao abrigo da iniciativa Novas Rotas da Seda, que prevê o desenvolvimento de infraestruturas e de investimentos chineses na Ásia, Europa e África Austral.

O Presidente chinês não avançou contudo quaisquer detalhes ou calendários limitando-se a reafirmar os objetivos do país já anteriormente anunciados, como a neutralidade de emissões de carbono “antes de 2060” e um pico de emissões “antes de 2030”.

Apesar disso, o Instituto para os Recursos Mundiais saudou em comunicado o anúncio chinês, que considerou uma “alteração de rumo histórica da energia fóssil mais suja do mundo”.

A organização lembrou ainda os “milhares de milhões de dólares” investidos pela China “na última década” em centrais a carvão por diversos países, investimento que não irá ser abandonado tão cedo. A sua responsável, Helen Mountford, sublinhou igualmente que “se o abandono gradual do financiamento do carvão no estrangeiro é muito importante, isso não exime a China de assumir medidas ambiciosas dentro das suas fronteiras”.

O discurso de Xi Jinping, terça-feira, foi notavelmente omisso quanto a iniciativas de Pequim para a exploração do carvão no próprio território. No início de setembro, numa visita à China, o emissário norte-americano para o clima, John Kerry, pediu aos responsáveis chineses a cessação da construção de centrais a carvão incluindo no seu próprio país, “para não deitar a perder a capacidade mundial de atingir a neutralidade do carbono daqui até 2050”.
Anúncio dos EUA
No mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu que irá trabalhar com o Congresso do seu país, para conseguir a duplicação de fundos destinados aos países em desenvolvimento, para fazer face aos desafios da crise climática. Uma iniciativa orçada em 11 mil milhões de dólares anuais, de acordo com os especialistas.

Os países desenvolvidos comprometeram-se em 2009 em Copenhaga, Dinamarca, a mobilizar 100 mil milhões de dólares entre 2020 e 2025 para apoiar o terceiro mundo a enfrentar os efeitos do aquecimento global.

O plano de financiamento, que vai ser provavelmente um dos assuntos quentes da conferência COP26 em Glasgow em novembro, está atrasado, o que tem gerado a fúria dos países mais pobres, que estão entre as primeiras vítimas das alterações climáticas e que denunciam a falta de solidariedade do primeiro mundo. “Com a nossa ajuda, assim como um capital acrescido da iniciativa privada e de outros doadores, seremos capazes de atingir o objetivo de mobilizar 100 mil milhões de dólares”, referiu Biden.

Os anúncios chinês e norte-americano são mesmo assim boas notícias, a poucas semanas no início da COP26. Ambas foram saudadas pelos defensores do ambiente, que as exigiam há anos.

“Os dias da energia carvão estão contados”, celebrou numa publicação na rede Twitter o presidente da conferência de Glasgow, Alok Sharma. “Na COP26, devemos tornar o carvão uma história do passado”, acrescentou.

Também o secretário-geral das Nações Unidas aplaudiu as iniciativas. António Guterres sublinhou contudo que há ainda “um longo caminho a percorrer”.
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