China diz que em Hong Kong vigora Estado de direito perante apelos à libertação de Lai
A China reiterou hoje que Hong Kong "é uma sociedade regida pelo Estado de direito", após os apelos internacionais para a libertação do magnata Jimmy Lai, considerado culpado esta semana de crimes que podem valer-lhe prisão perpétua.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Guo Jiakun, afirmou que Pequim "apoia firmemente" as autoridades de Hong Kong na aplicação da lei e na defesa da segurança nacional, de acordo com o enquadramento legal vigente na região administrativa especial.
"O Governo central apoia de forma resoluta a manutenção da ordem e da segurança nacionais em Hong Kong, conforme estipulado na lei", declarou Guo.
Jimmy Lai, de 78 anos, foi considerado culpado na segunda-feira dos crimes de "conspiração para conluio com forças estrangeiras" e "conspiração para publicação de material sedicioso", no âmbito de um julgamento que decorre sem júri e conduzido por magistrados designados para casos de segurança nacional.
A administração norte-americana, liderada por Donald Trump, pediu a "libertação imediata" de Lai. O secretário de Estado, Marco Rubio, instou a que se ponha fim a esta "experiência terrível", enquanto o Departamento de Estado afirmou que o caso demonstra a instrumentalização das leis de segurança para silenciar a dissidência.
No Reino Unido, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Yvette Cooper, convocou o embaixador chinês em Londres, Zheng Zeguang, exigindo a libertação de Jimmy Lai, que tem cidadania britânica. A embaixada chinesa classificou as declarações de "irresponsáveis" e acusou o Governo britânico de interferir nos assuntos internos da China.
Fundador do já extinto jornal Apple Daily e uma das figuras mais proeminentes do movimento pró-democracia em Hong Kong, Jimmy Lai foi detido pela primeira vez em 2020, após a entrada em vigor da Lei de Segurança Nacional, imposta por Pequim na sequência dos protestos de 2019.
Desde então, tem enfrentado vários processos judiciais por alegado conluio com entidades estrangeiras, permanecendo detido enquanto decorre o julgamento.
O caso tem motivado críticas internacionais pela degradação das liberdades cívicas e da liberdade de imprensa na antiga colónia britânica.
Para as autoridades chinesas, Jimmy Lai é um "peão das forças antichinesas externas".