China nega ter campos de concentração para muçulmanos

Representantes do Comité das Nações Unidas para os Direitos Humanos levaram a cabo uma avaliação de dois dias na China. Disseram ter recebido relatórios que referiam cerca de um milhão de muçulmanos em campos de concentração. Pequim nega.

RTP /
Vivem cerca de 12 milhões de muçulmanos em Xinjiang Thomas Peter - Reuters

Gay McDougall, do Comité da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial, disse ao Deutsche Welle que há relatos credíveis de que a abordagem da China para “combater o extremismo religioso transformou a região autónoma” de Xinjiang “em algo parecido como um campo de concentração, uma espécie de zona sem direitos”.

As Nações Unidas receberam, em concreto, dados a apontar para ”um milhão de muçulmanos mantidos em campos de concentração, onde podem permanecer indefinidamente”.

Hu Lianhe, representante do Departamento de Trabalho da China, afirmou ao painel da ONU que “não existem centros de reeducação em Xinjiang”.Esta foi a primeira vez que a questão dos campos de Xinjiang foi debatida na ONU.

O jornal Global Times publicou duas edições - em inglês e chinês – a criticar a interferência ocidental e a defender as políticas em Xinjiang, onde a violência étnica e os ataques terroristas levaram a uma intensa militarização.

No ano passado, 21 por cento das detenções na China ocorreram em Xinjiang. De acordo com o grupo Defensores dos Direitos Humanos Chineses, cerca de 1,5 por cento da população representa Xinjiang.

Também o jornal do Partido Comunista Chinês defendeu os “controlos intensos” da minoria étnica chinesa de confissão muçulmana, afirmando que estes impediram a região de Xinjiang de se converter numa “Síria da China”.

Uma das edições tem a manchete “Salvaguardar a paz e a estabilidade de Xinjiang é o direito humano mais importante”.

“Não há dúvida de que o controlo intenso contribui para a paz de Xingjiang. É necessário uma formação para guiar o país, para a paz e prosperidade, e não durará muito tempo”, escreveu o jornal.
"Reeducação"

Segundo o britânico The Guardian, os críticos do Governo chinês referem que o controlo sobre as expressões religiosa e cultural aumentou a partir de 2016, depois de Chen Quanguo, secretário do Partido Comunista, ter sido transferido do Tibete para Xinjiang.

Ativistas dos Direitos Humanos alegam que são diariamente detidas pessoas em campos de concentração, ficando impedidas de viajar livremente. As autoridades já proibiram o uso de barbas longas, véus e roupas islâmicas, ainda de acordo com o jornal britânico.

“O Governo chinês nunca liga o terrorismo a nenhum grupo étnico ou religião (…) Os que foram enganados pelo extremismo religiosos são auxiliados pelo reassentamento e pela reeducação”, argumentou a delegação chinesa na ONU.
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