China, Rússia e Coreia do Norte são principal ameaça à segurança, alerta Japão

O Japão considera que está a enfrentar "o ambiente de segurança mais severo desde a Segunda Guerra Mundial". A avaliação foi feita esta terça-feira pelo ministro da Defesa, Gen Nakatani, no âmbito da apresentação do relatório anual de defesa, no qual Tóquio aponta China, Coreia do Norte e Rússia como os principais desafios à estabilidade na região.

RTP /
Kim Kyung-Hoon - Reuters

O relatório afirma que a China representa "um desafio estratégico sem precedentes e o maior" para o Japão, devido à rápida modernização militar de Pequim e à intensificação das atividades militares na região."A ordem atual da paz mundial está a ser seriamente desafiada, e o Japão encontra-se no ambiente de segurança mais severo e complexo da era pós-guerra", declarou no documento.

Entre os pontos de maior tensão estão as Ilhas Senkaku, no Mar da China Oriental, que são administradas por Tóquio mas reivindicadas por Pequim, que lhes chama Diaoyus.

A presença militar chinesa também está a crescer junto a Taiwan e no Mar do Sul da China, regiões que o Japão considera fundamentais para as suas rotas marítimas.
Rivalidade entre Estados Unidos e China preocupa Tóquio

O documento traça ainda uma leitura preocupada sobre o futuro da relação entre Washington e Pequim, alertando que a "competição entre os Estados continuará a intensificar-se".

O Governo japonês teme que o equilíbrio global de poder esteja a mudar drasticamente, o que poderá levar a novos focos de instabilidade no Indo-Pacífico.

A China reagiu ao relatório, acusando o Japão de "exagerar a ameaça chinesa" e de "interferir grosseiramente nos assuntos internos da China".
"Pedimos ao lado japonês que aprenda profundamente com a história e pare de caluniar e acusar a China", afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Jiang Bin.

"O lado japonês está a fabricar narrativas falsas para encontrar desculpas para alargar as suas restrições militares", acrescentou, referindo-se à rígida constituição pós-guerra do Japão, que limita as forças militares apenas à autodefesa.
Cooperação militar entre China e Rússia preocupa Japão

O relatório destaca também o aprofundamento da cooperação entre as forças armadas chinesas e russas, com patrulhas navais e voos conjuntos de bombardeiros perto do espaço aéreo japonês.

Segundo o documento, caças japoneses foram acionados 704 vezes no último ano, das quais 464 em resposta a aviões chineses e 237 a aeronaves russas.
Guerra na Ucrânia e militarização russa no Pacífico

Tóquio mostra-se particularmente preocupada com o envio de tropas, mísseis e aviões de guerra russos para as ilhas ao norte do Japão, território tomado pela União Soviética no final da Segunda Guerra Mundial e atualmente sob controlo de Moscovo.
"As atividades militares da Coreia do Norte representam uma ameaça ainda mais grave e iminente à segurança do Japão", alerta o documento.

Enquanto isso, a Coreia do Norte está a desenvolver armas nucleares e mísseis balísticos com capacidade para atingir todo o arquipélago, diz o Japão.

O relatório ecoa várias preocupações já expressas pelos Estados Unidos. Em abril, o Comando Indo-Pacífico alertou para o comportamento "cada vez mais agressivo" da China e para a ameaça crescente da cooperação entre Pequim, Moscovo e Pyongyang.
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