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China, Rússia e Irão partilham exercícios navais enquanto Trump aliena aliados

Numa demonstração de ousada cooperação militar, as marinhas de China, Irão e Rússia iniciaram esta segunda-feira exercícios navais conjuntos em águas iranianas. Numa altura em que o presidente norte-americano põe em causa as alianças ocidentais, as operações no Golfo de Omã com navios de guerra, que se concentrarão em ataques a alvos marítimos, controlo de danos e operações de busca e salvamento, querem demonstrar os laços militares reforçados entre estes países.

Inês Moreira Santos - RTP /
Reuters

"O objetivo é fortalecer a confiança militar mútua e promover a cooperação pragmática entre as forças navais dos países participantes", confirmou o Ministério chinês da Defesa num comunicado, que acrescenta que a frota chinesa incluirá um contratorpedeiro Baotou de última geração e o navio de abastecimento Gaoyouhu, reforçando o crescente alcance naval da China na região.

Os exercícios Security Ties 2025, que decorrem perto do porto iraniano de Chabahar, são o quinto exercício naval conjunto realizado pelo Irão, China e Rússia desde 2019. A Defesa chinesa especificou que as manobras visam praticar ações como “busca e salvamento conjuntos”, “combate contra alvos marítimos” e “controlo de danos”.

Os três países partilham o desejo comum de combater o que descrevem como hegemonia norte-americana
, de acordo com as agências de notícias russas e iranianas. O exército iraniano já tinha realizado exercícios militares nesta região, em fevereiro, para "fortalecer as capacidades de defesa contra qualquer ameaça".

"Participam navios de combate e apoio das forças navais chinesa e russa, bem como navios do exército iraniano e da Guarda Revolucionária", enfatizou a iraniana Tasnim.

Já o Ministério russo da Defesa confirmou que as forças navais vão praticar a "libertação de barcos capturados", bem como conduzir "fogo de artilharia contra alvos no ar e no mar". Estarão em águas iranianas cerca de 15 navios, incluindo três russos.O Azerbaijão, a África do Sul, Omã, o Cazaquistão, o Paquistão, o Catar, o Iraque, os Emirados Árabes Unidos e o Sri Lanka estarão a participar como observadores.


Os exercícios anuais foram realizados numa data semelhante em 2024, também nas águas do Golfo de Omã, com as forças chinesas a enviarem o contratorpedeiro de mísseis guiados Urumqi, a fragata de mísseis Linyi e o navio de abastecimento Dongpinghu.

A edição do ano passado coincidiu com os combates dos rebeldes Houthi no Iémen contra os navios de guerra norte-americanos e britânicos estacionados no Mar Vermelho para “proteger” a navegação nesta via fluvial estratégica, pela qual se estima que passe 15 por cento do comércio marítimo mundial.

Recorde-se que tanto a China quanto o Irão apoiaram a Rússia quando iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia, ajudando-a a sustentar o esforço de guerra apesar das sanções do Ocidente. A cooperação entre estes regimes parece, com estas operações continuar a aprofundar-se à medida que o Ocidente parece estar a dividir-se com o regresso de Donald Trump à Casa Branca.

Os exercícios que começaram esta segunda-feira enviam um sinal claro a Washington sobre o aprofundamento dos laços militares entre três dos seus principais adversários geopolíticos. Os EUA consideram, há muito, a presença da China no Médio Oriente com preocupação, particularmente à medida que Pequim fortalece laços com nações que entraram em conflito.
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