China sanciona antigo chefe militar japonês por alegado apoio à "independência" de Taiwan
A China anunciou hoje sanções contra Shigeru Iwasaki, antigo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças de Autodefesa do Japão (2012-2014), acusando-o de "conspirar abertamente" com "forças secessionistas da `independência` de Taiwan".
Em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que Iwasaki, nomeado em março como assessor externo do Governo de Taipé, violou "gravemente" o princípio de "Uma Só China" e interferiu "seriamente" nos assuntos internos chineses, prejudicando "a soberania e a integridade territorial" do país.
As sanções, em vigor desde 15 de dezembro, incluem a congelamento dos bens móveis, imóveis e de qualquer outro tipo de ativo de Iwasaki na China continental, assim como a proibição de indivíduos e organizações chinesas realizarem com ele transações, cooperação ou qualquer outro tipo de atividade.
As medidas abrangem ainda a recusa de visto e a proibição de entrada na China, incluindo nas regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau.
General reformado de 72 anos, Iwasaki liderou o Estado-Maior Conjunto entre janeiro de 2012 e outubro de 2014, tendo depois continuado a colaborar com o Ministério da Defesa japonês como conselheiro político, segundo o diário nipónico Asahi Shimbun.
Em março, o mesmo jornal noticiou a nomeação de Iwasaki como assessor externo do Yuan Executivo (Governo) de Taiwan, por um período de um ano e sem remuneração. A designação foi posteriormente confirmada à agência de notícias taiwanesa CNA por um membro do Executivo, que declarou que o Governo acolhe "qualquer recomendação política benéfica para o desenvolvimento de Taiwan", sem adiantar mais pormenores.
De acordo com o Asahi Shimbun, é "incomum" que um antigo alto responsável militar japonês desempenhe funções consultivas em Taiwan, território com o qual Tóquio não mantém relações diplomáticas formais.
As sanções foram anunciadas num contexto de renovadas tensões entre China e Japão, após a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, ter afirmado no mês passado que um eventual ataque chinês a Taiwan poderia colocar o Japão numa "situação de crise" e justificar uma intervenção das Forças de Autodefesa.
Pequim considerou as declarações "extremamente graves" e respondeu com várias medidas de pressão económica e cultural, incluindo alertas de viagem para o Japão, restrições à importação de produtos do mar japoneses e críticas ao planeado reforço do sistema antimísseis nas ilhas Nansei.