China. Xi Jinping promete "neutralidade carbónica" até 2060

por RTP
Reuters

O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu reduzir as emissões de carbono e alcançar a "neutralidade carbónica" antes de 2060. A China é o maior emissor de gases de efeito de estufa do mundo mas assumiu perante a ONU, na terça-feira, uma agenda climática ousada.

Na reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, Xi Jinping prometeu que a China pretende adotar metas climáticas muito mais rígidas e até alcançar a "nutralidade de carbono antes de 2060". A redução da emissão de gases poluentes como o carbono pode ser uma forma de pressionar os Estados Unidos, mas pode ser crucial no combate às alterações climáticas.

Participando através de videoconferência na Assembleia Geral da ONU, o presidente chinês renovou o apoio ao Acordo Climático de Paris e pediu que o mundo se focasse na proteção do meio ambiente quando o mundo ultrapassar a pandemia da covid-19.

A China é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo - responsável por 28 por cento da produção total de gases poluentes do planeta -, mas comprometeu-se a atingir o pico de emissões até 2030 e, em seguida, começar a reduzi-las para atingir uma pegada zero de carbono até 2060.

"O nosso objetivo é atingir o pico de emissões de CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060", afirmou no discurso, acrescentando que a pandemia mostrou que o mundo precisa de mudar.

Por isso, a China decidiu acelerar o processo a que Xi Jinping chamou de "revolução verde".

"A humanidade não pode ignorar indefinidamente os avisos da natureza e seguir o caminho tradicional de extração de recursos sem investir na conservação, investindo no desenvolvimento à custa da proteção e explorando os recursos sem restauração", disse o presidente chinês, lembrando ainda que o Acordo de Paris, assinado em 2015, era o "mínimo" necessário para proteger a Terra, e, por isso, "todos os países devem dar passos decisivos para cumprir este acordo".

Xi Jinping apelou ainda a que os países "alcancem uma recuperação verde da economia mundial na era pós-Covid".

"Apelamos a que todos os países procurem um desenvolvimento inovador, coordenado, verde e aberto para todos", afirmou, sugerindo que as nações "aproveitem as oportunidades históricas apresentadas por uma nova etapa da revolução científica e tecnológica e pela transformação industrial".

A confirmar-se, a meta chinesa será crucial para o sucesso dos objetivos climáticos mundiais, principalmente para manter a temperatura média global abaixo dos dois graus celsius acima dos níveis pré-industriais, fechada no Acordo de Paris de 2015.

Este é já considerado o maior compromisso da China com o combate às alterações climáticas, segundo o New York Times, e poderá pressionar o presidente norte-americano Donald Trump, que considera o aquecimento global um "embuste".

As emissões da China caíram drasticamente durante o confinamento imposto devido à covid-19 no início do ano, mas as emissões locais de muitas cidades voltaram aos níveis normais desde a retoma da atividade normal. No entanto, é necessário recordar que para a China recuperar e acelerar o crescimento económico, aumentou o número de projetos a carvão e de indústrias poluentes, o que tem gerado preocupação aos ambientalistas e à comunidade internacional.
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