Chineses optam por universidades estrangeiras para evitar exame de acesso na China
Cada vez mais estudantes chineses optam por se candidatar a instituições de ensino superior no estrangeiro, evitando assim submeter-se ao `Gaokao` chinês, conhecido como o maior exame de acesso à universidade do mundo.
De um total de quase dez milhões de adolescentes que fazem na próxima semana aquela prova, apenas 3,25 milhões vão conseguir entrar na Universidade, segundo números do Ministério da Educação chinês.
Numa sociedade que coloca grande ênfase no sucesso profissional, o resultado do `Gaokao` é visto pelas famílias como crucial para o futuro dos filhos.
Em algumas partes de Pequim, as autoridades irão encerrar ruas inteiras nas imediações de escolas onde se realizam exames.
Para evitar as cábulas, a cidade de Luoyang, no centro da China, utilizou no ano passado drones apetrechados com detetores de ondas de rádio emitidas por aparelhos eletrónicos.
Nos últimos anos, as desigualdades regionais nas vagas de acesso à universidade motivaram mesmo protestos, segundo relatos na imprensa chinesa.
No mês passado, vários pais bloquearam o acesso à sede do governo de Jiangsu, na costa leste, após o ministério da Educação chinês ter reduzido o número de vagas no ensino superior para estudantes daquela província.
A medida, que visa aumentar as possibilidades dos estudantes oriundos de províncias mais pobres entrarem em universidades de topo, motivou protestos semelhantes em Hubei, centro do país, escreveram os jornais locais.
Para parte da classe média chinesa, a solução passa por enviar os filhos para estudar no estrangeiro.
De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a Republica Popular da China é o país com mais estudantes além-fronteiras - 459.800, o dobro de há dez anos.
Mais de metade - 273.439 - frequentam universidades norte-americanas, apesar dos custos.
Consultada pela Lusa, uma conhecida agência chinesa que intermedeia a ida de estudantes para os EUA, estimou os gastos entre 35.000 e 65.000 dólares norte-americanos (entre 31.385 e 58.200 euros) por ano letivo.
"As pessoas da minha idade provavelmente têm algumas poupanças e apartamentos e estamos dispostos a investir um pouco na educação dos nossos filhos", afirmou ao jornal Global Times o pai de Hu Ming, um estudante aceite na Universidade da Califórnia.
Neste caso, a licenciatura irá ficar por 152.000 dólares, o equivalente a quase treze anos de salário médio em Pequim - o mais alto do país.
O pai de Hu, no entanto, acha que vale a pena: "Eu e a mãe somos oriundos da classe trabalhadora. Queremos que ele veja e experiencie mais na vida".