Cidades ucranianas "aterrorizadas". Relatório expõe "cooperação ilegal" entre Pyongyang e Moscovo

Um relatório de vários membros da ONU concluiu que a Coreia do Norte enviou mais de 20 mil contentores carregados com mísseis, artilharia, veículos de combate e outras munições para a Rússia desde setembro de 2023. Os EUA e dez aliados afirmam que a cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang viola flagrantemente as sanções da ONU e tem ajudado a Rússia a intensificar os ataques contra infraestruturas civis e a "aterrorizar" cidades ucranianas.

RTP /
Gavriil Grigorov - Pool via AFP

O documento de 29 páginas, produzido pela Equipa Multilateral de Monitorização de Sanções composta por EUA, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Países Baixos, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Reino Unido - concluiu que a Coreia do Norte e a Rússia se envolveram em "inúmeras atividades ilegais" explicitamente proibidas por resoluções da ONU.

De acordo com o relatório – o primeiro desde que os países se uniram para fiscalizar as sanções contra a Coreia do Norte - o regime de Kim Jong-un enviou à Rússia mais de 20 mil contentores carregados com munições desde setembro de 2023.

Pyongyang terá fornecido a Moscovo até nove milhões de cartuchos de munições para artilharia e lançadores de rockets, bem como pelo menos 100 mísseis balísticos, juntamente com canhões de artilharia e veículos de combate. De acordo com o relatório, mísseis balísticos norte-coreanos estavam a ser usados “para destruir infraestrutura civil e aterrorizar áreas povoadas como Kiev e Zaporizhzhia”.

Os 11 países afirmam que esta cooperação é ilegal e "contribuiu para a capacidade de Moscovo aumentar os ataques com mísseis contra cidades ucranianas, incluindo ataques direcionados contra infraestruturas civis críticas".


“Pelo menos no futuro previsível, a Coreia do Norte e a Rússia pretendem continuar e aprofundar a sua cooperação militar, em violação às resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou a equipa de monitorização.
Kremlin retribuiu ajuda
O Kremlin retribuiu a ajuda ao transferir sistemas de defesa aérea para a Coreia do Norte e ao dar feedback sobre o desempenho dos mísseis norte-coreanos no terreno. Isso, segundo o relatório, levou a "melhorias no desempenho da orientação de mísseis".

Moscovo também forneceu sistemas de defesa aérea e mísseis antiaéreos, bem como sistemas de guerra eletrónica, à Coreia do Norte e as forças russas treinaram tropas norte-coreanas destacadas para apoiar a guerra na Ucrânia, de acordo com esta equipa.

O regime de Vladimir Putin forneceu ainda produtos petrolíferos refinados à Coreia do Norte, excedendo em muito o limite anual previsto nas sanções das Nações Unidas, além de manter relações entre bancos, numa violação aos castigos impostos.

A cooperação bilateral proporcionou à Coreia do Norte recursos para financiar programas militares e de mísseis balísticos proibidos e permitiu aos mais de 11 mil soldados norte-coreanos destacados juntos de tropas russas desde outubro adquirirem experiência de combate, afirma-se no documento.

Moscovo e Pyongyang negaram repetidamente que tropas norte-coreanas estavam a lutar ao lado das forças russas no conflito na Ucrânia. Só no mês passado é que a Coreia do Norte confirmou, pela primeira vez, que enviou tropas para a Rússia para apoiar a ofensiva russa contra a Ucrânia.

O líder da Coreia do Norte mostrou-se orgulhoso de estar ao lado de Vladimir Putin no conflito com a Ucrânia e prometeu atacar os Estados Unidos e o Ocidente se continuarem com provocações militares contra a Rússia.

c/ agências
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