Cientistas encontram tribo perdida de índios da Amazónia

por RTP

Uma equipa de cientistas brasileiros teve um encontro com uma tribo índia que sempre se mantivera isolada. O momento do encontro foi registado em vídeo e festejado como um acontecimento. Mas esta e outras tribos índias encontram-se ameaçadas.

A Fundação Nacional do Índio (Funai), autoridade brasileira para as tribos indígenas, calcula em 77 o número de tribos amazónicas que nunca tiveram qualquer contacto com a civilização moderna, tal como a entendemos. No conjunto de países da bacia amazónica - além do Brasil, a Bolívia, a Colômbia, o Equador, o Paraguai, o Peru e a Venezuela -, serão ao todo umas 200 tribos.

O encontro com o grupo "Rio Xinane" da tribo de Ashánink, parece dever-se à pressão que esta sofreu para abandonar o seu território habitual, na Amazónia peruana. Os cientistas manifestaram satisfação pela oportunidade de conhecerem a tribo, os seus usos, a sua língua e os factores de instabilidade ambiental que ameaçam a sua existência.

Um primeiro encontro tivera lugar em 26 de junho e um segundo, muito recentemente, quando uma equipa da Funai viajou para a fronteira brasileiro-peruana, acompanhada de um intérprete, e contactou os índios junto do rio Envira. O encontro foi pacífico, quase amistoso, e ficou registado em vídeo. Os índios falam uma língua do grupo conhecido como das línguas "Pano", da parte oriental da América do Sul.

Segundo Jaminawa Jose Correia, do grupo de cientistas, os índios "disseram que tinham sido atacados por não indígenas e que muitos deles tinham morrido de doenças [que foram descritas] como gripe e difteria". Deslocaram-se para fora do seu habitat em busca de armas e de aliados.

Os motivos crónicos para a extinção das tribos índias são a invasão dos seus territórios, a destruição ambiental e a violência sistemática promovidas para permitir a extracção de matérias-primas, a criação de gado, os negócios da madeira, do ouro e das drogas. Associações criminosas que colonizam a região dispõem de armas mais poderosas do que as tribos índias e fazem uso delas beneficiando da indiferença ou da cumplicidade do poder político.

Segundo Stephen Corry, do grupo de direitos humanos para os indígenas Survival International, junta-se a todos estes perigos um outro, relacionado até com o contacto pacífico e amistoso estabelecido com os cientistas da Funai: qualquer agente epidémico transportado pelos cientistas pode, involuntariamente, causar uma mortandade entre indígenas cujo sistema imunitário é completamente diferente do nosso.
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