Espanha e Marrocos iniciam esta quarta-feira em Rabat a primeira cimeira desde 2015, com a qual querem selar uma nova fase nas relações bilaterais, que atravessaram uma crise por causa do Saara Ocidental.
Cimeira Espanha-Marrocos volta após oito anos
A questão do Saara Ocidental, uma antiga colónia espanhola considerada um "território não autónomo" pela ONU, opõe há décadas Marrocos aos separatistas sarauís da Frente Polisário.
Para resolver o diferendo, Espanha alterou o seu posicionamento histórico em relação ao Saara Ocidental e reconheceu, por escrito, que a proposta apresentada por Rabat em 2007, para que aquele território seja uma região autónoma controlada por Marrocos, é "a base mais séria, credível e realista para a resolução deste litígio".
Marrocos, em troca, reconheceu implicitamente ter fronteiras terrestres com Espanha, ao acordar a instalação de alfândegas nas cidades espanholas de Ceuta e Melilla, territórios que tradicionalmente reclama, considerando-as "cidades ocupadas".
Espanha esforçou-se por recuperar as relações diplomáticas com Marrocos depois de ver perturbados, durante o diferendo, as trocas comerciais, os investimentos espanhóis no país vizinho e o controlo da imigração ilegal nas fronteiras partilhadas.
Em 2022, e com a normalização das relações diplomáticas, as trocas comerciais entre os dois países aumentaram 33% em relação a 2021, alcançando os 10 mil milhões de euros, e os fluxos migratórios ilegais que chegaram a Espanha desde Marrocos diminuíram 25%.
A cimeira arranca hoje à tarde com um fórum empresarial em que estarão presentes o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o seu homólogo marroquino, Aziz Ajanuch, e termina na quinta-feira com a assinatura de 20 acordos de cooperação.