Clima de terror nas favelas do Rio

Com a aproximação dos Jogos Olímpicos, aumentou o número de vítimas de ações da polícia nas favelas do Rio de Janeiro. Onze pessoas morreram desde o início de abril. A denúncia é da Amnistia Internacional, que condena a "abordagem de linha dura".

Jorge Almeida - RTP /
Pilar Olivares - Reuters

Vive-se um ambiente de cortar à faca nas favelas do Rio, a menos de 100 dias do início dos Jogos Olímpicos.

“As autoridades brasileiras têm cada vez mais uma abordagem de linha dura contra os protestos de rua que, na sua grande parte, são pacíficos”, diz Atila Roque, o diretor da Amnistia Internacional no Brasil.

Pelo menos 307 pessoas foram mortas pela polícia no Rio de Janeiro no ano passado. De acordo com os dados recolhidos pela organização de defesa dos Direitos Humanos, um em cada cinco homicídios cometidos por elementos das forças policiais brasileiras verifica-se no Rio de Janeiro.


Foto: Ricardo Moraes - Reuters

Desde o início do ano, muitos habitantes das favelas foram gravemente feridos por balas de borracha, granadas de gás e armas de fogo, em operações policiais com o objetivo de tornar a cidade mais segura.

A polícia do Estado do Rio de Janeiro matou 580 pessoas em 2014, quando o Brasil recebeu o Campeonato do Mundo de futebol. O número de mortos aumentou 40 por cento em relação a 2013.
Rio, uma cidade fortemente armada
Segundo o Jornal do Brasil, foram apreendidas 8.956 armas no Rio de Janeiro em 2015. Oitenta e seis por cento do armamento não tinha identificação, ou seja, o número foi apagado ou as armas foram fabricadas sem número de série.

Os dados foram apresentados pela Secretaria Estadual de Segurança da cidade a deputados da Comissão de Inquérito das Armas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

As armas de porte, revólveres e pistolas, representam 50 por cento do armamento apreendido. Nos últimos dez anos, 640 armas desapareceram da polícia civil e 1.050 foram roubadas ou extraviadas da polícia militar.

“O Rio está muito atrasado” reconheceu Carlos Minc, o presidente da Comissão de Inquérito, que acrescentou: “Até hoje os livros de controlo são escritos à mão”.

A estes números junta-se o desaparecimento de mais de 17 mil armas de firmas de segurança entre 2005 e 2010.
“Pela mira de um fuzil policial”
O coletivo Papo Reto, conhecido internacionalmente por denunciar violações de Direitos Humanos nas comunidades pobres do Rio de Janeiro, refere que “o Estado olha para o complexo [favela do alemão] pela mira de um fuzil policial”

Esta organização tem vindo a queixar-se de estar a ser perseguida pelas autoridades devido às denúncias que tem feito de violações de Direitos Humanos nas favelas da cidade maravilhosa.
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