Washington, 28 fev (Lusa) -- O cofundador da Greenpeace Patrick Moore considera que não há "nenhuma prova científica" para que o mundo fique alarmado com o aquecimento global e afirma que as mudanças climáticas "não são causadas por ação dos seres humanos".
Cofundador da Greenpeace diz que não há provas de causa humana das mudanças climáticas
Falando aos senadores norte-americanos, o ecologista canadiano considerou que há "pouca correlação" para apoiar uma "relação causal direta" entre as emissões de dióxido de carbono (CO2) e o aumento das temperaturas globais.
"Não há nenhuma prova científica de que as emissões humanas de dióxido de carbono são a causa dominante do maior aquecimento da atmosfera da Terra ao longo dos últimos 100 anos", disse Patrick Moore, citado hoje pelo jornal Independent.
"Se houvesse a tal prova, que fosse escrita para todos verem. Nenhuma prova real, como é entendido pela ciência, existe", acrescentou.
A posição de Patrick Moore está a criar inquietação na comunidade científica mundial, segundo o jornal britânico.
Contactado pela Lusa, o ambientalista da Quercus Francisco Ferreira considerou que as declarações do ecologista canadiano "não fazem sentido", até porque, assinalou, "não é um cientista do clima".
"Têm sido documentados vários interesses de personalidades que têm vindo a ter este tipo de discurso e ficou provado cada vez mais que, ou caem no descrédito, ou mudam de opinião. Acho que ele vai mudar. Se acreditarmos nele vai-nos sair muito caro depois de todo o mal ter sido feito", considerou Francisco Ferreira.
O ativista ambientalista criticou igualmente o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organismo das Nações Unidas, por afirmar que "é muito provável" que a atividade humana seja a "causa dominante" para o aquecimento global, observando que "extremamente provável" não é um termo científico.
Patrick Moore sublinha que as estatísticas apresentadas pelo IPCC não são o resultado de cálculos matemáticos ou análise estatística, pelo que podem ter sido "inventadas" para apoiar "opinião especializada" do Painel da ONU.
Para o cofundador da organização internacional de defesa do ambiente, o aumento da temperatura atmosférica na superfície da terra remonta a Idade do Gelo, quando o CO2 foi "10 vezes maior do que é hoje, mas a vida humana floresceu" naquela altura.
"Estou consciente de que os meus comentários são contrários à grande parte da especulação sobre o nosso clima que é hoje frequente", disse o ecologista, mostrando-se no entanto confiante que a história lhe dará razão ao demonstrar que "as temperaturas mais quentes são melhores do que as temperaturas mais frias para a maioria das espécies".
Patrick Moore, doutorado em ecologia, é cofundador do principal grupo pró ambiente do mundo, a Greenpeace, que abandonou em 1986 por considerar que o grupo se tornou mais interessado em política do que na ciência.