Coligação da Arábia Saudita ataca navio com armamento para separatistas do Iémen

Uma coligação liderada pela Arábia Saudita anunciou hoje que atacou carregamentos de armas e veículos num porto do Iémen, descarregados de navios vindos dos Emirados Árabes Unidos.

Lusa /
Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman | Yuri Kadobnov - Pool AFP

"A força aérea da coligação realizou esta manhã uma operação militar limitada, visando as armas e os veículos de combate que tinham sido descarregados dos dois navios no porto de al-Mukalla", informou a agência de notícias oficial saudita (SPA).

A notícia, que cita um comunicado militar, justifica a ação com "os riscos e à escalada representados por estas armas, que ameaçam a segurança e a estabilidade".

A nota diz que o armamento chegou ao Iémen em navios vindos de Fujairah, cidade portuária na costa leste dos Emirados Árabes Unidos.

Os Emirados Árabes Unidos não fizeram até ao momento qualquer comentário sobre o ataque.

Não ficou claro se houve vítimas no ataque. Os militares sauditas disseram que realizaram o ataque durante a noite para garantir que "nenhum dano colateral ocorria".

Pouco antes, a SPA tinha anunciado o lançamento de uma "operação militar" no Iémen, dias depois de Riade ter avisado que apoiaria o Governo iemenita contra qualquer ação armada dos separatistas.

"A coligação está a pedir aos civis que evacuem imediatamente o porto de Mukalla", informou a agência de notícias, especificando que a medida visa proteger a população "durante a execução de uma operação militar".

A coligação avisou no sábado que vai retaliar contra qualquer ação militar dos separatistas no Iémen, pedindo-lhes que se retirassem "de forma pacífica" das províncias recentemente conquistadas.

O movimento Conselho de Transição do Sul (STC, na sigla em inglês) tinha já atribuído à vizinha Arábia Saudita, aliada do Governo iemenita reconhecido internacionalmente, recentes ataques aéreos contra posições separatistas.

Apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, o STC tomou grandes extensões de território nas últimas semanas, particularmente em Hadramawt, sem encontrar resistência significativa.

Os separatistas pretendem restabelecer um Estado no sul do Iémen, onde uma república democrática e popular foi independente entre 1967 e 1990.

Neste contexto tenso, o Governo iemenita reconhecido internacionalmente pediu na sexta-feira apoio da coligação militar liderada pela Arábia Saudita.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, apelou à moderação na sexta-feira, evitando tomar partido entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, dois parceiros-chave de Washington.

As novas tensões podem destabilizar ainda mais o Iémen, o país mais pobre da Península Arábica.

Um conflito eclodiu em 2014 entre o Governo e os seus aliados, incluindo o STC, por um lado, e os rebeldes Huthis pró-Irão, por outro, resultando em centenas de milhares de mortes, na fragmentação do país e numa das piores crises humanitárias do mundo.

Um acordo de cessar-fogo alcançado em 2022 tem sido amplamente respeitado.

Uma coligação liderada pela Arábia Saudita, rival do Irão, foi formada em 2015 para apoiar o Governo iemenita reconhecido internacionalmente.

 

Tópicos
PUB