Coligação da Arábia Saudita ataca navio com armamento para separatistas do Iémen
Uma coligação liderada pela Arábia Saudita anunciou hoje que atacou carregamentos de armas e veículos num porto do Iémen, descarregados de navios vindos dos Emirados Árabes Unidos.
"A força aérea da coligação realizou esta manhã uma operação militar limitada, visando as armas e os veículos de combate que tinham sido descarregados dos dois navios no porto de al-Mukalla", informou a agência de notícias oficial saudita (SPA).
A notícia, que cita um comunicado militar, justifica a ação com "os riscos e à escalada representados por estas armas, que ameaçam a segurança e a estabilidade".
A nota diz que o armamento chegou ao Iémen em navios vindos de Fujairah, cidade portuária na costa leste dos Emirados Árabes Unidos.
Os Emirados Árabes Unidos não fizeram até ao momento qualquer comentário sobre o ataque.
Não ficou claro se houve vítimas no ataque. Os militares sauditas disseram que realizaram o ataque durante a noite para garantir que "nenhum dano colateral ocorria".
Pouco antes, a SPA tinha anunciado o lançamento de uma "operação militar" no Iémen, dias depois de Riade ter avisado que apoiaria o Governo iemenita contra qualquer ação armada dos separatistas.
"A coligação está a pedir aos civis que evacuem imediatamente o porto de Mukalla", informou a agência de notícias, especificando que a medida visa proteger a população "durante a execução de uma operação militar".
A coligação avisou no sábado que vai retaliar contra qualquer ação militar dos separatistas no Iémen, pedindo-lhes que se retirassem "de forma pacífica" das províncias recentemente conquistadas.
O movimento Conselho de Transição do Sul (STC, na sigla em inglês) tinha já atribuído à vizinha Arábia Saudita, aliada do Governo iemenita reconhecido internacionalmente, recentes ataques aéreos contra posições separatistas.
Apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, o STC tomou grandes extensões de território nas últimas semanas, particularmente em Hadramawt, sem encontrar resistência significativa.
Os separatistas pretendem restabelecer um Estado no sul do Iémen, onde uma república democrática e popular foi independente entre 1967 e 1990.
Neste contexto tenso, o Governo iemenita reconhecido internacionalmente pediu na sexta-feira apoio da coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, apelou à moderação na sexta-feira, evitando tomar partido entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, dois parceiros-chave de Washington.
As novas tensões podem destabilizar ainda mais o Iémen, o país mais pobre da Península Arábica.
Um conflito eclodiu em 2014 entre o Governo e os seus aliados, incluindo o STC, por um lado, e os rebeldes Huthis pró-Irão, por outro, resultando em centenas de milhares de mortes, na fragmentação do país e numa das piores crises humanitárias do mundo.
Um acordo de cessar-fogo alcançado em 2022 tem sido amplamente respeitado.
Uma coligação liderada pela Arábia Saudita, rival do Irão, foi formada em 2015 para apoiar o Governo iemenita reconhecido internacionalmente.