Colômbia. Governo diz ouvir os protestos mas polícia faz três mortos

por RTP
O presidente colombiano já anunciou que ouviu as exigências dos manifestantes Luisa Gonzalez - Reuters

A Colômbia foi palco de um megaprotesto na quinta-feira que já provocou três mortos. Mais de 250 mil colombianos saíram à rua contra a política económica e social do atual Governo de Iván Duque Márquez. Na cidade de Cali, o protesto terminou com um decreto de recolher obrigatório.

Depois do Equador, Chile e Bolívia, foi a vez de a Colômbia manifestar a sua insatisfação com o Governo. Várias cidades colombianas acordaram na quinta-feira com grandes manifestações que paralisaram praticamente todo o comércio e trânsito nas ruas de várias cidades.

Embora a grande maioria das manifestações tenha decorrido de forma pacífica, esta sexta-feira foi confirmada a morte de três pessoas e a detenção de 98 manifestantes. Os incidentes concentraram-se e em Bogotá e em Cali, uma das cidades mais violentas do país e onde foi decretado o recolher obrigatório a partir das 19h.

“Nas últimas horas, as autoridades confirmaram a morte de duas pessoas durante os distúrbios em Buenaventura e outra em Candelaria, municípios de Valle del Cauca”, anunciou o ministro da Defesa colombiano, Carlos Holmes Trujillo.

Segundo continua a explicar Trujillo, as duas mortes em Buenaventura ocorreram durante uma tentativa de assalto a um centro comercial da cidade, que tem o principal porto marítimo da Colômbia, não tendo sido especificada a morte em Candelaria.

"Por causa desse ato violento, as forças de segurança foram confrontar o acontecimento, enquanto eram sujeitas a agressões violentas com o lançamento de pedras e paus. Como resultado do confronto entre vândalos e forças de segurança em eventos que são objeto de investigação pelo gabinete do procurador-geral, duas pessoas foram mortas", disse o ministro da Defesa. Desiludidos com o chefe de Estado conservador no poder desde agosto de 2018, sindicatos e organizações estudantis, indígenas, ambientais e de oposição saíram às ruas com uma longa lista de queixas, desde a persistente desigualdade económica à violência contra defensores dos direitos humanos, sustentando assim a onda de descontentamento que a América Latina tem vivido nos últimos meses.

"No total, 151 membros das forças de segurança - 148 militares e três polícias - ficaram feridos durante o dia de protestos em todo o país. 122 civis também ficaram feridos, apresentando ferimentos leves ou consequências da inalação de gás", declarou Trujillo.

Trujillo acrescentou que estão em curso 11 investigações preliminares por conduta imprópria de membros das forças de segurança, depois de terem circulado imagens nas redes sociais que mostravam abuso de força por parte da polícia. Num dos vídeos, membros do Esquadrão Móvel Anti Distúrbios (ESMAD) da Polícia Nacional atingem uma mulher no rosto.

O ministro da Defesa da Colômbia destacou o trabalho realizado pelas forças de segurança durante os protestos, considerando que agiram "com a força legítima" e ajudaram a restabelecer a ordem em várias cidades do país.

"As nossas forças de segurança pública continuarão a agir para garantir o exercício pacífico e democrático do direito de os colombianos se manifestarem livremente, tal como corresponde à natureza do regime de liberdade", concluiu Trujillo.
Iván Duque diz que ouviu as exigências
O presidente colombiano já anunciou que ouviu as exigências dos manifestantes que na quinta-feira deram voz à maior onda de protestos contra o Governo.

"Hoje [quinta-feira], os colombianos falaram. Nós ouvimo-los. O diálogo social tem sido a principal bandeira deste Governo. Devemos aprofundá-la com todos os setores da sociedade e acelerar a agenda social e a luta contra a corrupção", disse o chefe de Estado colombiano, num discurso transmitido na televisão.

Duque sublinhou que, "apesar dos atos de violência perpetrados por alguns vândalos que não representam os colombianos, a maioria dos cidadãos exerceu as suas liberdades sem violar os direitos dos restantes".

"Estamos juntos. O povo colombiano está confiante em que nenhum vândalo intimidará a sociedade. Somos um país forte e nunca deixaremos de sê-lo", salientou o presidente.

C/Agências
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