Colonos da Cisjordânia temem fracasso de Netanyahu perante Trump

Os colonos israelitas admitiram recear que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vacile na anexação da Cisjordânia no encontro de hoje com o Presidente dos Estados Unidos, depois de se ter esquivado a comprometer-se sobre a questão.

Lusa /
Mohamad Torokman - Reuters

Os receios foram manifestados pelo presidente do Conselho Regional da Samaria, Yossi Dagan, que representa as colónias israelitas no norte da Cisjordânia ocupada, após uma reunião com Netanyahu.

"Netanyahu ouviu-nos e a reunião foi construtiva, mas saímos preocupados", declarou Dagan ao diário israelita Yedioth Aharonot, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

"No final, o primeiro-ministro não precisou quando chegaria a soberania", acrescentou.

Dagan integrou uma delegação do Conselho de Yesha, o qual representa a maioria dos colonos na Cisjordânia, que se reuniu com Netanyahu nos Estados Unidos para o pressionar a insistir com Donald Trump na anexação do território.

Trump impôs na quinta-feira um veto categórico à anexação da Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.

"Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia. Não, não permitirei. Isso não vai acontecer", afirmou então o Presidente dos Estados Unidos.

Dagan disse que Netanyahu terá prometido aos representantes dos colonos abordar a questão com Trump, mas frisou que era necessário "lidar com uma realidade complexa".

"Este Governo pode ser aquele que assine a criação de um Estado palestiniano", lamentou Dagan.

Trump recebe Netanyahu hoje na Casa Branca, sede da presidência, em Washington, pouco depois de ter prometido um acordo sobre Gaza e de apresentar uma proposta em 21 pontos para silenciar as armas no território palestiniano.

De acordo com os `sites` Axios e Times of Israel, o plano prevê o fim imediato da guerra, acompanhado por uma retirada faseada das forças israelitas e pela libertação dos reféns nas 48 horas seguintes ao cessar-fogo.

Após a libertação dos reféns, Israel libertaria mais de mil prisioneiros palestinianos, incluindo vários condenados a prisão perpétua.

Diversos dirigentes árabes afirmaram que não cooperariam na adoção do plano caso Israel avançasse com a anexação de partes da Cisjordânia, como exigem alguns membros de extrema-direita do Governo israelita.

O plano visa pôr termo à guerra em curso na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023.

O ataque do Hamas causou a morte de mais de 1.200 pessoas e 251 reféns, segundo as autoridades israelitas.

A ofensiva israelita que se seguiu em Gaza provocou mais de 66.000 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.

Israel enfrenta acusações de genocídio por causa da guerra em Gaza, onde a ONU declarou uma situação de fome, o que aconteceu pela primeira vez no Médio Oriente.

O Governo de Netanyahu, uma coligação com a extrema-direita, refuta as acusações.

O Hamas, que controla Gaza desde 2007, é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

O movimento islâmico integra o chamado "eixo de resistência" a Israel liderado pelo Irão, de que também fazem parte o Hezbollah libanês e os Huthis do Iémen, entre outros grupos extremistas da região.

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