Comida picante pode dar anos de vida

por RTP
David Mercado, Reuters

Um grupo de investigadores concluiu que a ingestão de alimentos picantes pode reduzir o risco de morte prematura.

Um estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) relacionou a ingestão de alimentos picantes com a taxa de mortalidade. Os investigadores concluíram que ambas variam na razão inversa uma da outra. Mas já existem explicações a contrariar a teoria.

“O consumo de alimentos picantes e as causas específicas da mortalidade” é o título do estudo publicado pelo British Medical Journal. Nas conclusões, esta investigação defende que o consumo habitual de alimentos picantes varia na razão inversa da mortalidade.

Por outras palavras, ingerir comida picante pode reduzir o risco de morte prematura, dizem os cientistas.

Com o objetivo de analisar a ligação entre alimentos picantes e causas de morte, os investigadores analisaram população de dez locais geograficamente dispersos na China.

Entre 2004 e 2013, acompanharam a alimentação de quase 200 mil homens e 300 mil mulheres. Todos os participantes tinham entre 30 e 79 anos, sendo excluídos todos os que sofriam de cancro, doenças cardíacas ou acidentes vasculares cerebrais, no início do estudo.

Durante o tempo de análise morreram cerca de 11 mil homens e oito mil mulheres.
“Redução no risco de mortalidade”
Nos resultados, o grupo de investigadores percebeu que morreram seis em cada mil pessoas que ingeriam comida picante menos de uma vez por semana.

Numa análise geral, a taxa de mortalidade foi diminuindo consoante o aumento das vezes por semana em que os participantes consumiam alimentos picantes. Noutra perspetiva, a taxa de mortalidade foi maior no grupo que consumiu comida picante menos de uma vez por semana.

Segundo os autores, “aqueles que consumiram alimentos picantes seis ou sete dias por semana mostraram uma redução de 14 por cento no risco relativo da mortalidade total”.

Tendo em conta outras variáveis, o estudo concluiu que a associação inversa foi mais forte naqueles que não consumiram bebidas alcoólicas. As exceções ao estudo foram as mortes provocadas por cancro, doenças do coração e doenças respiratórias.
“Benefícios plausíveis, mas evidências preliminares”
Apesar das conclusões deste estudo, Nita Forouhi discordou de alguns pontos e apresentou outras explicações para a diminuição do risco de vida.

De acordo com a médica especialista em nutrição, a resposta pode estar na água ou no chá que são consumidos em maiores quantidades por quem come alimentos picantes. A razão para viver mais anos pode estar no consumo de mais líquidos e não na ingestão de comida picante.

“São necessárias pesquisas futuras para determinar se o consumo de alimentos picantes tem o potencial de melhorar a saúde e reduzir diretamente a mortalidade ou se é meramente um indicador de outros fatores dietéticos e de estilos de vida”, escreveu.

Nita Forouhi disse que os “benefícios são plausíveis, mas as evidências são preliminares”. Na opinião da médica, a grande variedade e complexidade da dieta humana é um desafio permanente para identificar as consequências dos alimentos na saúde.
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