Comissão eleitoral da Bósnia-Herzegovina investiga alegadas irregularidades eleitorais

As autoridades eleitorais da Bósnia-Herzegovina manifestaram hoje preocupação por eventuais irregularidades no decurso da votação nas eleições gerais de domingo e prometeram investigar eventuais falhas antes do anúncio oficial dos resultados.

Lusa /

Os membros da multiétnica comissão eleitoral central, partilharam as suas preocupações um dia após milhares de pessoas terem protestado em Banka Luka, a principal cidade da Republika Srpska (RS) e acusado o líder da entidade sérvia bósnia de manipulação eleitoral para permanecer no poder.

Dodik, o mais poderoso líder sérvio bósnio desde 2006, negou as alegações.

O presidente da comissão eleitoral da Bósnia, Suad Arnautovic, disse hoje que o organismo vai examinar os boletins em cerca de 1.000 assembleias de voto, pelo facto de os funcionários destacados "não terem feito o seu trabalho de acordo com a lei".

A Bósnia-Herzegovina possui um dos sistemas eleitorais mais complexos do mundo, herdado dos acordos de paz de Dayton que terminaram com a guerra civil interétnica (1992-1995).

No escrutínio, os eleitores foram chamados a escolher os três novos membros da presidência tripartida do país -- um bosníaco [muçulmano], um sérvio e um croata bósnios -- e ainda o presidente da RS, os 42 deputados da Câmara de Representante da Bósnia-Herzegovina, a Assembleia Popular (parlamento) da entidade sérvia, o parlamento da Federação da Bósnia-Herzegovina (que inclui bosníacos e croatas) e as assembleias dos dez cantões da federação.

O país permaence dividido entre a RS, com larga maioria de cristãos ortodoxos, e uma Federação partilhada por bosníacos e croatas (croato-muçulmana na designação inicial) mas espartilhada em dez cantões. As duas entidades estão unidas por um frágil poder central, muitas vezes paralisado.

Desde o final do conflito, os principais partidos exploraram as divisões étnicas para se manterem no poder.

A guerra civil na Bósnia-Herzegovina, que se prologou por três anos e meio, terminou em finais de 1995 com a assinatura dos Acordos de Dayton, onde foi estabelecida uma Constituição que confirmou duas entidades autónomas e três povos constituintes (bosníacos, sérvios e croatas bósnios).

Este projeto implicou um débil Estado central, com importantes poderes controlados pelas entidades, e os consequentes bloqueios políticos devido às persistentes dissensões entre as diversas comunidades.

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