Comportamento "inapropriado". Trump afastou-se de Epstein após "roubo" de funcionários

Depois de divulgada alegada correspondência entre Donald Trump e Jeffrey Epstein, continua a dar que falar o caso do criminoso sexual e a ligação entre os dois. O presidente dos Estados Unidos, contudo, tem tentado demarcar-se do assunto e na segunda-feira explicou o que motivou o fim da amizade: Epstein contratou vários funcionários de Trump. O líder norte-americano assegurou ainda não ter tido "o privilégio" de visitar a ilha do empresário, condenado por abusos sexuais.

Inês Moreira Santos - RTP /
Hannah McKay - Reuters

Na sua propriedade de golfe em Turnberry ao lado do primeiro-ministro britânico, Trump foi questionado sobre o fim da sua relação com Epstein, respondendo ser "uma história antiga, muito fácil de explicar". Depois de dizer "não querer perder tempo" a contar a história, adiantou que deixou de falar com o empresário depois de "ele ter feito algo inapropriado".

“Ele contratou trabalhadores e eu disse para nunca mais fazer isso. Ele roubou pessoas que trabalhavam para mim, e eu disse para nunca mais fazer isso. Ele fez de novo, e eu o expulsei” do clube privado na Florida, explicou e considerou-o “persona non grata”.

Trump não revelou quais eram as funções destas pessoas nem onde trabalhavam, e não foram divulgadas mais informações pela Casa Branca, cujo diretor de comunicação Steven Cheung afirmou recentemente que Epstein foi expulso "por ser um pervertido".

Na Escócia, num encontro com Keir Starmer, o presidente dos Estados Unidos voltou a ser questionado sobre a possível ligação ao caso Epstein e sobre o facto de o seu nome estar na lista de pessoas que estiveram na ilha que Epstein tinha. O republicano nega que alguma vez tenha ido até ao referido local, mesmo tendo recebido convite e repetiu que as afirmações de que está associado ao caso são uma “farsa”.

“Nunca tive o privilégio de ir à ilha dele e recusei", disse Trump aos jornalistas. "Num dos meus melhores momentos, recusei”.Epstein era proprietário de uma ilha particular nas Ilhas Virgens Americanas, onde recebia pessoas importantes da política, dos negócios e do entretenimento. A justiça norte-americana acredita que o empresário usava o complexo para encobrir o tráfico sexual e o abuso de vítimas menores de idade.

De acordo com dados da investigação, Trump terá voado a bordo do avião particular de Epstein pelo menos seis vezes, entre 1991 e 2005, mas nenhuma dessas viagens foi para a ilha em questão. O presidente norte-americano negou até agora ter estado no avisão do amigo.

Epstein suicidou-se, segundo as autoridades, numa cela de prisão de Nova Iorque, em 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. Em 2008, Epstein enfrentou acusações estaduais relacionadas com o abuso sexual de menores na Florida, mas chegou a um polémico acordo secreto com o Ministério Público que lhe permitiu declarar-se culpado de solicitação de prostituição e cumprir 13 meses de prisão.

Sob pressão para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos. Nas últimas semanas, o presidente norte-americano instruiu a procuradora-geral Pam Bondi a pedir a divulgação pública das transcrições secretas do júri do caso, visto estar a ser posta em causa a sua transparência no caso. Pedido que foi negado até agora.

Trump voltou também a negar ter contribuído para uma compilação de cartas e desenhos para assinalar o 50.º aniversário de Epstein, inicialmente noticiada pelo Wall Street Journal.

"Eu não faço desenhos de mulheres, isso posso garantir"
, disse Trump, na segunda-feira.
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