Mundo
Comunidade judaica critica Bolsonaro por usar bandeira de Israel em protesto "contra a democracia"
Várias organizações judaicas do Brasil têm demonstrado o seu desagrado depois de, na passada semana, Jair Bolsonaro ter levado uma bandeira israelita para um protesto contra o Supremo Tribunal. Defendem que a presença da bandeira passou uma falsa mensagem sobre a opinião da comunidade judaica relativamente ao presidente brasileiro, naquela que foi uma "demonstração contra a democracia".
No passado domingo, o chefe de Estado brasileiro participou numa manifestação na qual cinco mil dos seus apoiantes apelaram ao encerramento do Supremo Tribunal e do Congresso e ao regresso a um Estado autoritário. Enquanto discursava, o presidente fez-se acompanhar de uma bandeira de Israel e de outra dos Estados Unidos.
Jair Bolsonaro, forte defensor de Israel, disse durante o protesto que este “era um apelo à independência dos poderes e à defesa da democracia e da liberdade”. A manifestação aconteceu depois de o presidente ter demitido o chefe da polícia federal e de o Supremo Tribunal ter bloqueado a escolha do novo nomeado para o cargo.
Agora, as principais organizações judaicas do Brasil criticam a escolha de Bolsonaro de levar uma bandeira israelita. “O uso constante da bandeira de Israel pode transmitir uma mensagem errada sobre a composição plural da comunidade judaica brasileira e sobre a nossa posição quanto à agenda dos manifestantes e do Governo”, explicou Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, à agência de notícias Jewish Telegraphic.
“Temos um firme compromisso com a democracia e com as liberdades públicas e lamentamos a presença de bandeiras de Israel, uma democracia vibrante, em atos em que ocorrem ataques às instituições democráticas", acrescentou a Confederação. Em 2018, a comunidade judaica no Brasil dividiu-se quanto à eleição de Jair Bolsonaro para a presidência.
“A bandeira israelita numa demonstração contra a democracia não representa os valores judaicos”, disse por sua vez o grupo brasileiro de esquerda Judeus pela Democracia. “Chega de raptar símbolos nacionais”.
Houve ainda quem se mostrasse confuso pela escolha de Bolsonaro. “A presença de bandeiras de outros países num protesto sobre problemas exclusivamente brasileiros não faz sentido”, defendeu Abraham Goldstein, representante da B'nai B'rith, a mais antiga organização judaica do mundo. “Essas bandeiras são específicas para eventos, visitas de autoridades ou convidados especiais”, elucidou.
Do lado do Governo de Bolsonaro, houve reações semelhantes. A deputada Joice Hasselmann escreveu na rede social Instagram que “a reação da comunidade judaica é natural”.
Esta não foi a primeira vez que a bandeira de Israel surgiu numa manifestação pró-Bolsonaro. No entanto, a preocupação da comunidade judaica é agora ainda maior, visto que o Brasil enfrenta uma crise pandémica que o presidente tem vindo a desvalorizar, minimizando a gravidade da Covid-19 e apelando à abertura dos negócios e da economia.
Jair Bolsonaro, forte defensor de Israel, disse durante o protesto que este “era um apelo à independência dos poderes e à defesa da democracia e da liberdade”. A manifestação aconteceu depois de o presidente ter demitido o chefe da polícia federal e de o Supremo Tribunal ter bloqueado a escolha do novo nomeado para o cargo.
Agora, as principais organizações judaicas do Brasil criticam a escolha de Bolsonaro de levar uma bandeira israelita. “O uso constante da bandeira de Israel pode transmitir uma mensagem errada sobre a composição plural da comunidade judaica brasileira e sobre a nossa posição quanto à agenda dos manifestantes e do Governo”, explicou Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, à agência de notícias Jewish Telegraphic.
“Temos um firme compromisso com a democracia e com as liberdades públicas e lamentamos a presença de bandeiras de Israel, uma democracia vibrante, em atos em que ocorrem ataques às instituições democráticas", acrescentou a Confederação. Em 2018, a comunidade judaica no Brasil dividiu-se quanto à eleição de Jair Bolsonaro para a presidência.
“A bandeira israelita numa demonstração contra a democracia não representa os valores judaicos”, disse por sua vez o grupo brasileiro de esquerda Judeus pela Democracia. “Chega de raptar símbolos nacionais”.
Houve ainda quem se mostrasse confuso pela escolha de Bolsonaro. “A presença de bandeiras de outros países num protesto sobre problemas exclusivamente brasileiros não faz sentido”, defendeu Abraham Goldstein, representante da B'nai B'rith, a mais antiga organização judaica do mundo. “Essas bandeiras são específicas para eventos, visitas de autoridades ou convidados especiais”, elucidou.
Do lado do Governo de Bolsonaro, houve reações semelhantes. A deputada Joice Hasselmann escreveu na rede social Instagram que “a reação da comunidade judaica é natural”.
Esta não foi a primeira vez que a bandeira de Israel surgiu numa manifestação pró-Bolsonaro. No entanto, a preocupação da comunidade judaica é agora ainda maior, visto que o Brasil enfrenta uma crise pandémica que o presidente tem vindo a desvalorizar, minimizando a gravidade da Covid-19 e apelando à abertura dos negócios e da economia.