Comunidades colombianas sequestram 72 militares que participavam em operação contra guerrilha

Comunidades da província colombiana de Cauca (sudoeste) sequestraram este domingo 72 militares que participam numa operação contra o grupo Carlos Patiño do Estado-Maior Central (EMC), a maior formação de guerrilha dissidente das antigas FARC.

Lusa /
Daniel Martinez - AFP

O Exército colombiano confirmou à agência espanhola EFE que os militares foram sequestrados por comunidades, supostamente manipuladas pelos dissidentes, na aldeia de El Tigre, no município de El Tambo.

As tropas foram "alvo de uma revolta por parte de aproximadamente 600 pessoas que, sob coação de membros" do grupo Carlos Patiño, "impediram o desenvolvimento normal das tarefas constitucionais na zona", acrescentou a fonte.

Foram sequestrados pela comunidade três oficiais, quatro suboficiais e 65 soldados.

No dia 19 de agosto, o Exército lançou uma operação militar com mais de 300 soldados contra dissidentes das FARC numa zona rural de El Tambo, onde foram sequestrados os militares este domingo.

O grupo Carlos Patiño faz parte do EMC e tem como principal bastião a zona do desfiladeiro do Micay, onde o exército colombiano realizou em outubro do ano passado outra operação semelhante para recuperar o controlo de El Plateado, uma vila que faz parte do município de Argelia.

O desfiladeiro do Micay é fundamental para o narcotráfico porque, para além de ter plantações de coca, é um ponto de passagem da rota da droga que sai da Colômbia pelo Pacífico.

No final de agosto último, comunidades da aldeia de Nueva York, no departamento colombiano de Guaviare (sul), sequestraram outros 33 militares durante uma operação contra dissidentes das FARC.

O sequestro ocorreu na mesma zona rural onde, dias antes, foi abatido Willinton Vanegas Leyva, conhecido como Dumar ou Chito, um dos principais chefes do EMC, no quadro de uma operação contra a guerrilha liderada por Néstor Vera Fernández, conhecido como Iván Mordisco.

De acordo com o ministério colombiano da Defesa, desde 2021, foram registadas mais de uma centena de revoltas contra tropas militares em diferentes regiões, o que dificultou as operações de segurança e enfraqueceu a presença do Estado em zonas afetadas pelo narcotráfico e pela violência armada.

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