Comunistas acusam Governo venezuelano de reforçar medidas autoritárias com detenções

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) acusou na terça-feira o Governo do Presidente Nicolás Maduro de reforçar medidas autoritárias e antidemocráticas com detenções arbitrárias de venezuelanos.

Lusa /
Jorge Silva - Reuters

"Perante a situação de hostilidade de parte dos Estados Unidos, longe de procurar uma saída democrática, de procurar unir o povo, a elite governamental o que faz é continuar a avançar com as suas medidas autoritárias e antidemocráticas", denunciou o porta-voz do Comité Central do PCV.

Durante uma conferência de imprensa em Caracas, Pedro Eusse explicou que "continuam as detenções absolutamente arbitrárias, violando o devido processo legal e desrespeitando as garantias dos detidos, violando os direitos humanos das pessoas que estão a ser alvo de detenções".

Entre os últimos casos, denunciou detenção, no sábado, de Nicmer Evens, ativista dos direitos humanos e diretor do portal de notícias Punto de Corte, que foi levado de sua casa por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin, serviços de informações), e cujo paradeiro é desconhecido, encontrando-se em "desaparecimento forçado, situação que é proibida pela Constituição" da Venezuela.

Pedro Eusse denunciou que "muitos dos que estão privados de liberdade enfrentam a mesma situação", e referiu, entre eles os casos dos sindicalistas José Elías Torres, da Confederação de Trabalhadores da Venezuela, de William Lizardo, presidente da FetraConstrução,  e de Arnoldo Méndez, do setor da saúde.

"Estes companheiros foram detidos no final de novembro e, até ao momento, não se sabe qual o paradeiro, nem a situação de saúde, nem em que estado se encontram e que lhes foi negado o direito à defesa.  Esta é uma situação recorrente, já normalizada pelo Governo autoritário de Nicolás Maduro, que deve ser condenada pelo povo venezuelano", disse.

Para o PCV "é importante que as forças sociais e políticas que se dizem democráticas, anticapitalistas e anti-imperialistas no mundo vejam esta situação".

"Estamos perante um Governo que não é nada democrático e que age com mão pesada contra líderes populares, sindicais, ativistas dos direitos humanos, defensores da liberdade de expressão, que exigem o respeito à Constituição, mas é laxista e permissivo com figuras que respondem aos planos imperialistas e a serviço do grande capital. A solidariedade deve ser como o povo venezuelano, não como uma elite autoritária, antidemocrática e pró-capitalista, liderada por Nicolás Maduro", disse.

Durante a conferência de imprensa, o PCV pediu ainda uma resposta unitária dos povos da América Latina e Caraíbas contra a escalada de tensões entre Washington e Caracas, contra os ataques de forças militares norte-americanas a lanchas nas águas das Caraíbas.

Pediu ainda que condenem a intercetação, pelos EUA, no dia 10 de dezembro do petroleiro Skipper, que navegava com falsa bandeira, frente às costas de Venezuela.

O petroleiro Skipper foi apreendido por ordem de um juiz norte-americano devido a vínculos anteriores com o contrabando de petróleo iraniano, sancionado por Washington, mas que na ocasião em causa transportava 1,9 milhões de barris de crude da estatal PDVSA, disse o Governo venezuelano, que não especificou o país de destino.

Este episódio agravou a escalada da tensão entre os EUA e a Venezuela, com Washington a destacar forças aeronavais para as Caraíbas, com o argumento de combate ao tráfico de droga, mas que Caracas interpreta como uma tentativa de "derrubar o regime".

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