Comunistas pedem nacionalização da maior empresa do aço

Caracas, 01 Abr (Lusa) - O Partido Comunista de Venezuela (PCV) pediu segunda-feira que se investiguem as condições de privatização da poderosa Siderurgia do Orinoco (Sidor), agora do grupo italo-argentino Techint, para que volte a ser nacionalizada.

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"Apelamos ao Ministério Público e às autoridades competentes (do Governo do presidente Hugo Chavez) para que investiguem, revejam as condições de privatização" da maior produtora de aço da Comunidade Andina (CAN), para que "volte logo para o poder do Estado", disse Yul Jabour, um dos dirigentes nacionais do PCV.

O Estado venezuelano privatizou em 1977 a empresa que, desde o início do ano, regista uma onda de greves intermitentes.

A Sidor está situada a 800 quilómetros a Sul de Caracas e actualmente 60 por cento das suas acções estão em poder do grupo Techint-Ternium, enquanto o Estado venezuelano detém 20 por cento e os trabalhadores o restante.

O Ministério do Trabalho abandonou a 11 de Março a mesa das negociações para a assinatura de um novo contrato colectivo, depois de o Sindicato Único de Trabalhadores Siderúrgicos e Similares (Suttis) ter rejeitado a última proposta salarial da empresa e também a realização de um referendo sobre a matéria.

As nove paralisações da empresa desde o início do ano serviram para rejeitar as contrapropostas patronais que se sucederam desde que em Março de 2007 começaram as negociações do novo contrato.

"Esta justa luta dos `sidoristas` não é só económica mas também social e política", sustentou o dirigente comunista numa conferência de imprensa.

Anunciou também que o PCV impulsionará juntamente com outras forças populares "este combate a nível nacional", sem contudo dar mais pormenores.

Jabour exigiu que além dos 14 mil trabalhadores formais da empresa, mais de sete mil subcontratados sejam beneficiados com o contracto colectivo ou com a nacionalização.

José Acarigua Rodríguez, presidente do Suttis, anunciou no início do Março que os trabalhadores pediriam ajuda a Chavez para pôr um ponto final no conflito.

Os trabalhadores e os subcontratados viajarão até Caracas para pedir a Chavez "que seja ele mesmo a solucionar esta situação com esta transnacional miserável que explora os trabalhadores siderúrgicos", defendeu Rodríguez a 05 de Março.

Os directores da siderúrgica calcularam em 3,26 milhões de dólares as perdas diárias com as greves, enquanto a Aliança de Cooperação Empresarial Siderúrgica (Aces) disse que as pequenas e médias empresas ligadas à Sidor perderam 2,79 milhões de dólares por dia.

Segundo o Instituto Latino-americano do Ferro e do aço (Ilafa), Sidor é o maior produtor de aço da CAN e o quarto da América Latina.

Um terço das exportações de Sidor vai para a CAN, 20 por cento para a América do Norte e 10 por cento para a América Central, entre outros destinos, segundo Ilafa.

TM.

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