Confederações sindicais convocam greve para dia 15 no Louvre por "recursos insuficientes"
Os funcionários do Museu do Louvre vão fazer uma "greve renovável" a partir de dia 15, em protesto contra condições de trabalho degradadas e recursos insuficientes, segundo a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT).
A paralisação prorrogável, convocada para o museu francês mais visitado do mundo, foi avançada à agência France Presse (AFP), por aquela confederação após ter sido votada, por unanimidade, numa assembleia geral proposta pelas centrais sindicais CFDT, Confederação Geral do Trabalho (CGT) e Sud.
A greve tem como objetivo denunciar "as condições de trabalho" e "a falta de recursos", segundo fontes sindicais citadas pela AFP. A agência espanhola EFE atribui ainda a convocação da greve ao roubo das joias da coroa da França, ocorrido em outubro passado.
O anúncio da convocatória surge um dia depois de se ter sabido que, em 27 de novembro, várias centenas de livros antigos ficaram danificados devido a uma inundação causada pela avaria de algumas tubagens na biblioteca de antiguidades, cujo estado de degradação era conhecido.
A viver momentos turbulentos desde o roubo das joias da coroa, em 17 de novembro, o Louvre fechou também um espaço de escritórios e uma galeria de antiguidades egípcias localizada abaixo, após detetados problemas de fragilidade em algumas das vigas dessa área do complexo e de ter sofrido inundações que danificaram várias centenas de obras da biblioteca de Antiguidades Egípcias.
"Todos os dias, os espaços museológicos estão fechados muito além do previsto no plano de abertura garantida, devido à falta de pessoal, assim como a falhas técnicas e ao estado de degradação do edifício", escrevem os sindicatos numa carta dirigida à ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, a que a AFP teve acesso.
Em 19 de outubro, o Louvre foi vítima de "um espetacular roubo", durante o dia, quando um comando de quatro elementos entrou no edifício através de um elevador móvel colocado no Sena, tendo roubado oito joias do século XIX, avaliadas em 88 milhões de euros, incluindo a tiara da imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III, incrustada com cerca de 2.000 diamantes.
Os quatro membros do comando que cometeu o roubo foram detidos, mas as joias e os autores morais do crime continuam desaparecidas.
No final de novembro, o museu anunciou que, para financiar a sua modernização, aumentaria em 45% o preço do ingresso para visitantes de países não europeus a partir de 2026.
No entanto, "o público tem agora um acesso limitado às obras e vê a sua circulação dificultada". "Visitar o Louvre tornou-se um verdadeiro percurso de obstáculos", consideram os sindicatos.
"Os vários alertas internos ficaram sem resposta e as declarações divulgadas à representação nacional e aos meios de comunicação social pela direção do Louvre não nos permitem esperar uma tomada de consciência à altura da crise que estamos a atravessar", sublinham as organizações sindicais.
Por isso, solicitam uma negociação diretamente com o Ministério da Cultura, tendo em conta "a degradação sem precedentes do clima social interno e a necessidade de obter respostas por parte das autoridades competentes".
Em 2024, o Louvre recebeu 8,7 milhões de visitantes, dos quais 69% eram estrangeiros.