Conferência Episcopal Timorense respeitará qualquer processo de justiça a Ximenes Belo

por Lusa
A Conferência Episcopal Timorense respeitará qualquer processo de justiça a Ximenes Belo Lusa

A Conferência Episcopal Timorense (CET) disse que irá respeitar e cooperar com um eventual processo judicial no caso das acusações de abuso sexual de menores contra o ex-administrador apostólico de Díli, Ximenes Belo.

"Quando eventualmente instalado o processo judicial em Timor-Leste, a Conferência Episcopal Timorense vai respeitar e cooperar com o processo da justiça", refere um comunicado da CET, a que a Lusa teve acesso, assinado por Norberto do Amaral, bispo de Maliana e presidente da entidade.

"As acusações", refere, "estão sendo atualmente examinadas pelos órgãos competentes da Santa Sé, Vaticano".

O comunicado reage às "acusações de abuso sexuais dos menores pelo bispo Dom Carlos Filipe Ximenes Belo", publicadas pelo jornal holandês De Groene Amsterdammer, explicando que este delito de "abuso sexual dos menores e adultos vulneráveis praticado pelos clérigos é reservado à Congregação para a Doutrina da Fé", segundo diretrizes do papa Francisco.

A nota hoje divulgada refere que a CET aprovou, em outubro do ano passado, um conjunto de "diretrizes sobre a proteção de menores e adultos vulneráveis", introduzindo vários elementos do código canónico.

Entre eles, destaca "alguns pontos de procedimento no tratamento dos casos de abuso sexual de menores cometidos por clérigos".

"A Congregação para a Doutrina da Fé confirmou estas diretrizes, com uma carta de 1 de dezembro de 2021. Portanto a Conferência Episcopal Timorense continua a acompanhar atentamente com a referida base legal qualquer caso de abuso sexual de menores e adultos vulneráveis em Timor-Leste, mas a competência de iniciar o processo é reservada à Congregação para a Doutrina da Fé, com consequências jurídicas previstas nas referidas diretrizes", explica.

A Santa Sé anunciou na quinta-feira ter imposto sanções disciplinares ao bispo timorense Ximenes Belo nos últimos dois anos, após alegações de que o Nobel da Paz teria abusado sexualmente de menores em Timor-Leste nos anos 1990.

As sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste.

As medidas foram "modificadas e reforçadas" em novembro de 2021 e em ambas as ocasiões Ximenes Belo aceitou formalmente o castigo, acrescenta-se no comunicado, do porta-voz Matteo Bruni.

Fontes da Igreja Católica ouvidas pela Lusa confirmaram que o ex-administrador apostólico foi confrontado pela Santa Sé com as denúncias, tendo admitido culpa, "mostrado remorso" e aceitado o castigo imposto.

Em novembro de 2002, Ximenes Belo anunciou a sua resignação do cargo, alegando problemas de saúde e a necessidade de um longo período de recuperação.

"Estou a sofrer de fadiga mental e física, o que requer um longo período de recuperação", referiu Ximenes Belo, num comunicado em que informava ter escrito à Santa Sé solicitando a renúncia do cargo de administrador apostólico de Díli, função que exercia desde 1983.

 

 

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