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Confirmada transmissão entre humanos do novo vírus na China

por RTP
A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para quarta-feira uma reunião de emergência Wu Hong - EPA

A Comissão Nacional de Saúde da China confirmou esta segunda-feira que o coronavírus é transmissível entre humanos. O número de pessoas infetadas com o vírus mais do que triplicou nos últimos dias, depois de ter chegado às maiores cidades chinesas. As autoridades confirmaram uma terceira morte causada pelo vírus e avançam que há mais de 200 novos casos do novo tipo de pneumonia viral. Também já viajou para o Japão, Tailândia e Coreia do Sul. A Organização Mundial de Saúde convocou uma reunião de emergência para quarta-feira.

Zhong Nanshan, um cientista chinês da Comissão Nacional de Saúde, disse esta segunda-feira em comunicado à televisão estatal que a transmissão entre humanos do novo tipo de pneumonia viral tinha sido “comprovada”.

A Comissão Nacional de Saúde da China detetou pelo menos dois casos em que o vírus se transmitiu entre humanos. As infeções ocorreram entre profissionais de saúde, na província de Guangdong, no sudeste do país.
Filipe Silveira, Pedro Pessoa - RTP

“Este surto é extremamente preocupante. A incerteza e o vazio permanecem, mas agora está claro que existem uma transmissão de pessoa para pessoa”, disse Jeremy Farrar, especialista em epidemias de doenças infeciosas.

Mais de um mês depois do primeiro caso, as autoridades chinesas confirmaram 217 novos casos do coronavírus na China esta segunda-feira, 198 deles em Wuhan – cidade no centro do país onde a epidemia parece ter começado. Foi igualmente confirmada uma terceira morte causada por este novo tipo de pneumonia viral.

Zhong Nanshan afirmou que as duas pessoas infetadas em Guangdong não estiveram em Wuhan, mas familiares dos doentes visitaram a cidade.

Pela primeira vez, foram detetados casos do novo tipo de pneumonia viral para além da cidade de Wuhan, incluindo a capital chinesa. Cinco novos casos foram confirmados em Pequim e 14 na província de Guango. Xangai confirmou também, esta segunda-feira, o primeiro caso de coronavírus.

Perante esta evolução do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou para quarta-feira uma reunião de emergência para avaliar se o surto de coronavírus na China constitui uma emergência de saúde pública internacional e quais as medidas necessárias a serem tomadas.
“A vida e a saúde devem ser a prioridade”
Quebrando o seu silêncio, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que “a vida e a saúde das pessoas devem ser a prioridade e a disseminação do surto deve ser resolutamente controlada”.

Xi Jinping considera “absolutamente crucial fazer em bom trabalho em termos de prevenção e controlo epidemiológico”.

Geng Shuang, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, afirma que o país “adotou uma atitude séria, sincera e profissional para lidar ativamente” com o vírus e "elaborou um plano rigoroso de prevenção e controlo".

O Conselho de Estado da China reiterou que o Governo intensificará os esforços de prevenção e encontrará a fonte dos canais de infeção o mais rápido possível. A OMS apontou para a possibilidade de a principal fonte do surto se tratar de uma fonte animal e que ocorreu uma “transmissão de humanos para humanos” derivada de contactos próximos. Suspeita-se que a origem esteja num mercado em Wuhan.

Numa altura de maior circulação de cidadãos devido às celebrações do Ano Novo Chinês, Jeremy Farrar afirma que “o nível de preocupação permanece alto”. “Muito mais está para vir deste surto”, alertou.
Quatro casos fora da China
O surto colocou em alerta outros países, dado que nesta altura do ano viajam milhões chineses para as celebrações do ano novo lunar.

Para além dos dois casos na Tailândia e um no Japão que foram identificados na semana passada, esta segunda-feira foi reconhecido um quarto caso do vírus além das fronteiras da China, na Coreia do Sul. Pelo menos seis países asiáticos e três aeroportos nos Estados Unidos começaram a monitorizar passageiros que chegam do centro da China.

Todos os quatro casos detetados, até ao momento, fora da China envolvem pessoas residentes de Wuhan ou que visitaram recentemente a cidade.

No caso da Coreia do Sul, o vírus foi diagnosticado numa mulher chinesa, de 35 anos, que chegou de avião de Wuhan.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul, a mulher já se tinha deslocado ao hospital de Wuhan, no sábado, por se sentir febril. Neste centro hospitalar chinês, recebeu tratamento médico e no dia seguinte apanhou um voo para Incheon, na Coreia do Sul, onde os seus sintomas foram detetados. A mulher chinesa já foi colocada em quarentena.
O que se conhece deste vírus?

Nunca antes observado, o novo tipo de pneumonia viral que surgiu na China é denominada pela OMS de “um novo tipo de coronavírus”.

“Este é o sétimo coronavírus capaz de causar manifestações clínicas em humanos”
, explicou à agência France-Presse Arnaud Fontanet, chefe da unidade de epidemiologia para doenças emergentes no Instituto Pasteur, em Paris.

Os coronavírus são um grupo de vírus conhecido por causar doenças que podem ir da constipação à pneumonia atípica.

Trata-se de um vírus semelhante ao que causou a epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2002. Foram registados mais de oito mil casos e provocou a morte de 774 pessoas em todo o mundo.

Segundo continua a explicar Fontanet, do ponto de vista genético, existem “80 por cento de semelhanças” entre os dois vírus. No entanto, a gravidade deste novo tipo de coronavírus “parece ser mais fraca do que a SARS”.

O grau de gravidade poderá, contudo, mudar. “Na verdade, não temos argumentos para dizer que esse vírus sofrerá alterações, mas foi o que aconteceu com a SARS”, afirma Fontanet, esclarecendo que esta epidemia evoluiu desde a sua primeira manifestação, tornando-se “mais transmissível e virulenta”.

Depois de ter sido confirmada a transmissão entre humanos, resta apenas saber a intensidade dessa transmissão e o grau de contagiosidade do vírus, dos quais, segundo alerta Fontanet, depende a escalada do número de pessoas infetadas.

A OMS alerta para a probabilidade de ocorrência de mais casos relacionados com o vírus fora da China.

c/ agências
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