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Conflito em Gaza. Jornalistas palestinianos vencem Prémio da UNESCO para a Liberdade de Imprensa

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Abed Zagout - Anadolu via AFP

No momento em que a guerra em Gaza se torna o conflito mais mortífero para os jornalistas, a UNESCO atribui aos jornalistas palestinianos o Prémio Mundial para a Liberdade de Imprensa. Sete meses após o início da ofensiva israelita no enclave palestiniano, em retaliação a um ataque do Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro, pelo menos 97 profissionais da comunicação social perderam a vida a "cobrir esta crise em circunstância tão dramáticas".

"Nestes tempos de escuridão e desordem, desejamos enviar uma forte mensagem de solidariedade e reconhecimento aos jornalistas palestinianos que cobrem esta crise em circunstâncias dramáticas", disse Mauricio Weibel, presidente do júri internacional de profissionais da comunicação social, durante o anúncio.  O mundo tem "uma enorme dívida para com a sua coragem e empenho na liberdade de expressão", acrescentou.

Na véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se comemora esta sexta-feira, 3 de maio, Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, destacou “a coragem dos jornalistas que enfrentam circunstâncias difíceis e perigosas” e sublinhou "a importância da mobilização coletiva para que os jornalistas, em todo o mundo, possam continuar a realizar o seu trabalho de informação e investigação”.


O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou esta sexta-feira o trabalho "inestimável dos jornalistas e dos profissionais da comunicação social" na cobertura da guerra em Gaza e disse estar "chocado" com o elevado número de profissionais mortos. António Guterres criticou ainda a impunidade de quem cometeu crimes contra os jornalistas, acrescentando que "a liberdade de imprensa está ameaçada".
Jornalistas pagam um preço demasiado alto
Pelo menos 97 jornalistas e profissionais da comunicação social – a grande maioria palestinianos – foram mortos na Faixa de Gaza desde o início do conflito, de acordo o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ). O Gabinete de Imprensa de Gaza contabiliza, no entanto, mais de 140 mortos, o que corresponde a ume média de cinco jornalistas por semana, escreve a Al Jazeera.

"Desde o início da guerra entre Israel e Gaza, os jornalistas têm pago o preço mais alto - as suas vidas - para defender o nosso direito à verdade. Cada vez que um jornalista morre ou é ferido, perdemos um fragmento dessa verdade", disse Carlos Martinez de la Serna, diretor do programa do Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Volker Turk, alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, também defendeu: "Quando perdemos um jornalista, perdemos os nossos olhos e ouvidos para o mundo exterior. Perdemos uma voz para os que não têm voz", numa declaração.


O alto Comissário do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), com sede em Genebra, denunciou também a  “impunidade” com que os governos estão ser enfrentados face à repressão, criminalização e ataque contra os jornalistas, numa publicação na sua conta da rede social X. 


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