Mundo
Conflito entre Tailândia e Camboja provoca mais de 500 mil deslocados
O conflito entre Tailândia e Camboja prolonga-se pelo terceiro dia consecutivo, com bombardeamentos transfronteiriços e ataques aéreos a provocarem uma crise humanitária de grande escala.
Mais de meio milhão de civis foram forçados a abandonar as suas casas, num dos episódios mais graves de violência na fronteira, em anos. Foram registados pelo menos 13 mortos entre militares e civis.
O Ministério da Defesa tailandês informou que mais de 400 mil pessoas foram retiradas em sete províncias devido a uma “ameaça iminente à segurança”. No Camboja, outras 101.229 pessoas tiveram de procurar abrigo em centros de acolhimento ou casas de familiares.
A violência atingiu áreas civis esta quarta-feira, incluindo um Hospital em Surin, na Tailândia, onde pacientes e funcionários tiveram de se refugiar num abrigo após a queda de foguetes.
As forças armadas dos dois países responsabilizam-se mutuamente pelo reinício do conflito, sendo que há relatos de combates em praticamente todas as províncias fronteiriças, com múltiplos focos de confrontos ativos.
A comunicação social dos dois países - tanto o site noticioso Cambodianess como portal de notícias tailandês Matichon - noticiaram que caças F-16 tailandeses realizaram ataques em território cambojano, enquanto foguetes e artilharia do Camboja atingiram uma dúzia de áreas no lado tailandês. Não há, para já, confirmação de vítimas relativas aos bombardeamentos mais recentes.
Foguetes e artilharia cambojanos também atingiram 12 áreas da linha de frente em quatro províncias tailandesas na manhã de quarta-feira, de acordo com o jornal tailandês The Nation.
De acordo com os correspondentes da Al Jazeera nas províncias de Surin, na Tailândia e Oddar Meanchey, em Camboja, observam-se movimentos massivos de civis, medo generalizado e condições muito precárias nos campos de deslocados.
Num dos centros cambojanos, onde permanecem cerca de dez mil pessoas, muitos sobrevivem em tendas improvisadas e queixam-se da falta de apoio humanitário. Explosões ouvidas a quilómetros de distância levaram famílias a deslocarem-se repetidas vezes entre campos, receando que a violência se alargue. “As pessoas aqui dizem que não há ajuda suficiente. Mas a maior preocupação aqui é o medo”, refere o correspondente em Camboja.
A tensão tem igualmente crescido a nível político. No Camboja, o presidente do Senado e antigo líder Hun Sen — que mantém influência direta nas forças armadas — sugeriu ações de retaliação, enquanto Banguecoque insiste que apenas responde a ataques. Sihasak Phuangketkeow, ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, afirmou não ver “qualquer potencial para negociações”, acusando o Camboja de violar acordos prévios. Acrescentou ainda que as autoridades tailandesas “não estão dispostas a negociar”.
A organização sem fins lucrativos Human Rights Watch, alerta para uma rápida intensificação do conflito, sublinhando o uso pelo Camboja de armamento de longo alcance de forma indiscriminada, o que representa um risco elevado para civis, mesmo nos abrigos.
Os confrontos desta semana são os mais graves desde os cinco dias de violência registados em julho, que resultaram em dezenas de mortos e cerca de 300 mil deslocados. Na data, uma intervenção diplomática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permitiu alcançar uma trégua frágil, após ter mediado um cessar-fogo em outubro.
Com a intensificação dos conflitos, Trump afirmou que irá “fazer uma chamada telefónica” para travar o recomeço da guerra, classificando a sua intervenção como iminente.
O Camboja anunciou esta quarta-feira, a sua retirada dos Jogos do Sudeste Asiático, atualmente a decorrer na Tailândia, alegando “sérias preocupações” relacionadas com o conflito.
Reacendimento de um conflito de décadas
As tensões entre Tailândia e Camboja têm raízes históricas, ligadas à demarcação incompleta da fronteira de 800 quilómetros e a disputas sobre templos antigos, que periodicamente reacendem confrontos armados.
No centro da discórdia está o território que rodeia o antigo templo Preah Vihear Temple — um sítio de importante valor histórico e simbólico para ambos os países, de acordo com The Guardian. Em 1962, o Tribunal atribuiu a soberania sobre o templo ao Camboja, contudo não clarificou de forma inequívoca os limites da zona circundante — deixando vastas áreas em discussões.
Desde então, a imprecisão na demarcação da fronteira e a sobreposição de reivindicações territoriais têm causado tensões constantes. Os conflitos tornaram-se mais frequentes a partir de 2008, e em 2011, a região de Preah Vihear foi palco de confrontos que causaram dezenas de mortos e deslocações de civis.
Em 2025, a disputa ressurgiu com intensidade. A combinação de fatores recentes — tentativa de nova delimitação, provocações mútuas e reacendidas retóricas nacionalistas — levou a uma nova escalada, segundo a Al Jazeera.
Uma fronteira mal definida desde o colonialismo, o valor simbólico e patrimonial do território em disputa e a falta de consenso sobre soluções diplomáticas eficazes, mantém um conflito persistente entre Tailândia e Camboja, sem fim à vista.
O Ministério da Defesa tailandês informou que mais de 400 mil pessoas foram retiradas em sete províncias devido a uma “ameaça iminente à segurança”. No Camboja, outras 101.229 pessoas tiveram de procurar abrigo em centros de acolhimento ou casas de familiares.
A violência atingiu áreas civis esta quarta-feira, incluindo um Hospital em Surin, na Tailândia, onde pacientes e funcionários tiveram de se refugiar num abrigo após a queda de foguetes.
As forças armadas dos dois países responsabilizam-se mutuamente pelo reinício do conflito, sendo que há relatos de combates em praticamente todas as províncias fronteiriças, com múltiplos focos de confrontos ativos.
A comunicação social dos dois países - tanto o site noticioso Cambodianess como portal de notícias tailandês Matichon - noticiaram que caças F-16 tailandeses realizaram ataques em território cambojano, enquanto foguetes e artilharia do Camboja atingiram uma dúzia de áreas no lado tailandês. Não há, para já, confirmação de vítimas relativas aos bombardeamentos mais recentes.
Foguetes e artilharia cambojanos também atingiram 12 áreas da linha de frente em quatro províncias tailandesas na manhã de quarta-feira, de acordo com o jornal tailandês The Nation.
De acordo com os correspondentes da Al Jazeera nas províncias de Surin, na Tailândia e Oddar Meanchey, em Camboja, observam-se movimentos massivos de civis, medo generalizado e condições muito precárias nos campos de deslocados.
Num dos centros cambojanos, onde permanecem cerca de dez mil pessoas, muitos sobrevivem em tendas improvisadas e queixam-se da falta de apoio humanitário. Explosões ouvidas a quilómetros de distância levaram famílias a deslocarem-se repetidas vezes entre campos, receando que a violência se alargue. “As pessoas aqui dizem que não há ajuda suficiente. Mas a maior preocupação aqui é o medo”, refere o correspondente em Camboja.
A tensão tem igualmente crescido a nível político. No Camboja, o presidente do Senado e antigo líder Hun Sen — que mantém influência direta nas forças armadas — sugeriu ações de retaliação, enquanto Banguecoque insiste que apenas responde a ataques. Sihasak Phuangketkeow, ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, afirmou não ver “qualquer potencial para negociações”, acusando o Camboja de violar acordos prévios. Acrescentou ainda que as autoridades tailandesas “não estão dispostas a negociar”.
A organização sem fins lucrativos Human Rights Watch, alerta para uma rápida intensificação do conflito, sublinhando o uso pelo Camboja de armamento de longo alcance de forma indiscriminada, o que representa um risco elevado para civis, mesmo nos abrigos.
Os confrontos desta semana são os mais graves desde os cinco dias de violência registados em julho, que resultaram em dezenas de mortos e cerca de 300 mil deslocados. Na data, uma intervenção diplomática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permitiu alcançar uma trégua frágil, após ter mediado um cessar-fogo em outubro.
Com a intensificação dos conflitos, Trump afirmou que irá “fazer uma chamada telefónica” para travar o recomeço da guerra, classificando a sua intervenção como iminente.
O Camboja anunciou esta quarta-feira, a sua retirada dos Jogos do Sudeste Asiático, atualmente a decorrer na Tailândia, alegando “sérias preocupações” relacionadas com o conflito.
Reacendimento de um conflito de décadas
As tensões entre Tailândia e Camboja têm raízes históricas, ligadas à demarcação incompleta da fronteira de 800 quilómetros e a disputas sobre templos antigos, que periodicamente reacendem confrontos armados.
No centro da discórdia está o território que rodeia o antigo templo Preah Vihear Temple — um sítio de importante valor histórico e simbólico para ambos os países, de acordo com The Guardian. Em 1962, o Tribunal atribuiu a soberania sobre o templo ao Camboja, contudo não clarificou de forma inequívoca os limites da zona circundante — deixando vastas áreas em discussões.
Desde então, a imprecisão na demarcação da fronteira e a sobreposição de reivindicações territoriais têm causado tensões constantes. Os conflitos tornaram-se mais frequentes a partir de 2008, e em 2011, a região de Preah Vihear foi palco de confrontos que causaram dezenas de mortos e deslocações de civis.
Em 2025, a disputa ressurgiu com intensidade. A combinação de fatores recentes — tentativa de nova delimitação, provocações mútuas e reacendidas retóricas nacionalistas — levou a uma nova escalada, segundo a Al Jazeera.
Uma fronteira mal definida desde o colonialismo, o valor simbólico e patrimonial do território em disputa e a falta de consenso sobre soluções diplomáticas eficazes, mantém um conflito persistente entre Tailândia e Camboja, sem fim à vista.