O Conselho de Ministros de Espanha aprovou hoje o reconhecimento formal da Palestina como Estado, disseram a porta-voz do Governo de Madrid, Pilar Alegría, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jose Manuel Albares, numa conferência de imprensa.
"Hoje é um dia que fica gravado na história de Espanha, um dia em que o nosso país diz que perante o sofrimento não é possível a indiferença e que é possível a paz, a solidariedade, o compromisso e a confiança na humanidade", disse Albares.
O ministro espanhol defendeu que a decisão tomada hoje em Madrid é uma questão de justiça com o povo palestiniano, mas também "a única via para garantir a Israel a segurança que legitimamente reivindica e o único caminho viável para a paz na região".
"O povo palestiniano tem direito a um futuro de esperança e o povo de Israel tem direito a um futuro de paz e segurança. Depois de tantas décadas de dor e confronto sabemos que não pode haver uma coisa sem a outra. A segurança de Israel e a paz na região estão estreitamente entrelaçadas com a esperança do povo palestiniano de ter um Estado. Paz, esperança e segurança a que ambos os povos têm direito, exatamente o mesmo direito", disse Jose Manuel Albares.
Pilar Alegria e Jose Manuel Albares sublinharam que Espanha, com a Noruega e a Irlanda, se somam hoje a uma "amplíssima maioria" de mais de 140 países que já reconhecem formalmente a Palestina como Estado.
Albares defendeu que este "é o momento" para dar este passo, atendendo a "décadas de violência e destruição e a falar de paz", e num momento em que o conflito entre Israel e o grupo islamita radical Hamas na Faixa de Gaza já provocou o maior número de vítimas de sempre na região, a par de uma crise humanitária sem precedentes.
Albares reiterou o compromisso de Espanha de desenvolver agora todos os esforços para concretizar a solução dos dois Estados e ser alcançada a paz no Médio Oriente e revelou que estarão na quarta-feira em Madrid, para encontros com o Governo espanhol, incluindo o líder do executivo, Pedro Sánchez, o primeiro-ministro palestiniano e vários ministros de países árabes.
"Temos de unir esforços", disse Albares, que sublinhou que já cerca de 80 países subscrevem a proposta espanhola de ser realizada uma conferência internacional de paz para o Médio Oriente.
Numa declaração antes da reunião do Conselho de Ministros, o próprio Sánchez tinha já confirmado que Espanha reconheceria hoje formalmente a Palestina como Estado, defendendo ser uma "necessidade perentória" para a paz no Médio Oriente.
"É a única maneira de avançar para a solução que todos reconhecemos como a única possível para ser alcançado um futuro de paz, a de um Estado palestiniano que conviva com o Estado de Israel em paz e em segurança", afirmou Pedro Sánchez numa declaração transmitida a partir do Palácio da Moncloa, a sede do Governo de Espanha.
Espanha, Noruega e Irlanda comprometeram-se a reconhecer formalmente a Palestina como Estado a partir de hoje, juntando-se a mais de 140 países que já o fizeram em todo o mundo num momento em que Israel tem em curso, desde outubro, uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.
O Governo israelita condenou Espanha, Irlanda e Noruega, argumentando que estes países enviam a mensagem aos palestinianos de que "o terrorismo compensa".