Conselho de Segurança da ONU inicia visita oficial à Síria e ao Líbano
Representantes dos 15 Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU iniciam hoje uma visita oficial à Síria e ao Líbano, a primeira à região em seis anos, para demonstrar solidariedade para com os povos dos dois países.
A visita, que irá prolongar-se até domingo, acontece num momento crucial para a região e também para estes dois países, assinalando-se um ano desde a queda do regime de Bashar al-Assad e um ano do frágil cessar-fogo no Líbano entre o Hezbollah e Israel, período marcado por regulares ataques israelitas contra alvos identificados por Telavive como instalações ou postos de comando do grupo xiita libanês.
Além de ser a primeira viagem do Conselho de Segurança à região em seis anos, é também a primeira visita de sempre à Síria, onde as novas autoridades tentam implementar uma transição política.
A Síria é atualmente presidida interinamente por Ahmad al-Sharaa, ex-líder de um grupo jihadista e que liderou uma coligação de rebeldes que derrubou o regime do antigo presidente Bashar al-Assad em 08 de dezembro de 2024.
O novo Governo interino sírio tem procurado dialogar com a comunidade internacional e tem tentado unir o país muito fragmentado, que regista ainda episódios de violência sectária um pouco por todo o território.
No mês passado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o levantamento das sanções contra Ahmad al-Sharaa, as quais visavam indivíduos e grupos ligados às organizações terroristas Estado Islâmico e à Al-Qaida.
Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, na segunda-feira, o presidente do Conselho de Segurança durante o mês de dezembro, o esloveno Samuel Zbogar, explicou a importância desta visita de campo ao Médio Oriente.
"Fazemos esta visita num momento crucial para a região e também para estes dois países. Passa um ano desde a queda do regime de Bashar al-Assad e as novas autoridades tentam implementar uma transição, e passa um ano de cessar-fogo no Líbano, que vemos diariamente ser desafiado", afirmou Samuel Zbogar.
"Por conseguinte, é importante realizar esta visita para expressar apoio e solidariedade a ambos os países, assim como para tomar conhecimento dos desafios e transmitir as mensagens sobre o caminho que o Conselho gostaria de ver em ambos os países. De qualquer forma, trata-se de uma visita realmente fundamental", sublinhou.
Durante a viagem, os diplomatas deverão fazer paragens nas capitais síria (Damasco) e libanesa (Beirute), e no sul do Líbano, ao longo da fronteira com Israel, onde estão estacionadas as forças de paz da ONU, conhecidas como FINUL.
Deverão reunir-se com altos funcionários políticos e militares dos dois países, assim como com representantes da ONU.
Invocando questões de segurança, Samuel Zbogar não avançou com mais pormenores sobre a viagem.
A última deslocação do Conselho de Segurança da ONU à região foi em 2019, quando visitou o Iraque e o Kuwait.
Viagens oficiais do Conselho de Segurança costumam ser difíceis de organizar, uma vez que implicam a aprovação de todos os 15 membros.
As viagens ao Médio Oriente são ainda mais incomuns devido a preocupações com a segurança.
"Acho que é sempre muito importante que os membros do Conselho de Segurança visitem pessoalmente muitos dos locais onde o Conselho tem assuntos a tratar, que constam da sua agenda. Esperamos sinceramente que a visita fortaleça o diálogo entre as Nações Unidas e a Síria", afirmou o porta-voz do secretariado da ONU, Stéphane Dujarric, em conferência de imprensa na terça-feira.
A viagem acontece também num momento em que as forças de paz da ONU preparam-se para encerrar o seu mandato no Líbano em 2026, após cinco décadas mantendo uma zona tampão na fronteira entre Israel e o Líbano.
Já em relação à Síria, o Conselho de Segurança precisa de definir o papel das Nações Unidas no país, visto que a guerra terminou oficialmente e as resoluções anteriores precisam de ser atualizadas.
Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do então líder sírio Bashar al-Assad de manifestações pacíficas, o conflito civil na Síria provocou milhares de mortos e milhões de deslocados e refugiados.
Ao longo dos anos, o conflito ganhou uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos `jihadistas`, e várias frentes de combate.
Como tem sido prática comum, o Conselho de Segurança deverá agendar uma reunião no final da viagem para apresentar um relatório sobre a missão de visita.