Contra "mentiras" sobre UNITA, ex-Comandante Geral Chiwale publica "Cruzei-me com a História"

Lisboa, 23 Jul (Lusa) - Samuel Chiwale, ex-Comandante Geral da UNITA, publica quinta-feira em Portugal um livro para "repôr a verdade" sobre a participação do movimento angolano na luta de independência, quando está já a escrever outro, sobre o pós-1975.

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"A UNITA foi vítima de uma política de diabolização, através de mentiras para a desacreditar e afirmar o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] como herdeiro da luta de libertação contra a dominação colonial", afirmou à Agência Lusa o general angolano, que atribui a estratégia ao próprio movimento no poder em Angola.

Exemplo disso, adianta o autor de "Cruzei-me Com a História", é a associação muitas vezes feita entre a UNITA e a antiga polícia política do Estado Novo, PIDE-DGS, chegando mesmo a afirmar-se que esta tinha participado na criação do movimento e que ambas as estruturas cooperavam durante a Guerra Colonial.

"Quem diz isso ou é maluco ou não sabe o que fala. Se cooperava, porque é que [os combatentes da UNITA] estavam no mato? É um contra-senso", afirma.

Co-fundador da UNITA juntamente com o líder histórico Jonas Savimbi, Chiwale afirma mesmo que, antes da independência, nas áreas de maior implantação do movimento do "Galo Negro" - nomeadamente Bié, Malange, Cuando-Cubango e Lundas - "ninguém ouvia falar do MPLA", identificando como movimento independentista apenas a UNITA.

Chiwale reclama que a o movimento tinha "células clandestinas" em todas as capitais de distrito antes da independência, que tinham como missão "inocular os jovens" e mobilizá-los para a luta na clandestinidade.

O livro "Cruzei-me Com a História", editado em Portugal pela Sextante, será apresentado pelo ex-presidente da Câmara de Lisboa João Soares, numa livraria no centro da capital portuguesa.

Além de militante activo - é o 13º, "número da felicidade", nas listas de deputados da UNITA às eleições legislativas de Setembro - Chiwale, 64 anos, afirma-se indisponível para cargos dirigentes uma vez que, disse, está empenhado na escrita.

"Vou continuar a escrever sobre esta caminhada [da UNITA] cheia de curvas e contracurvas. É esta a minha tarefa principal. Já dei a minha contribuição para a luta. Agora têm de ser as gerações mais jovens. E a minha experiência vai ser um contributo para eles", afirma.

O próximo livro, afirma, será publicado dentro de dois anos e vai abordar o período pós-independência, nomeadamente "a expansão russo-cubana" em Angola durante a Guerra Civil e a questão das sanções das Nações Unidas ao movimento do "Galo Negro".


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