Contra o tempo. Decorrem buscas por submersível e pessoas que visitavam destroços do Titanic

Está em andamento uma missão para encontrar o submersível desaparecido no domingo, no Atlântico norte, com cinco pessoas a bordo. O pequeno submarino tem 96 horas de reserva de oxigénio em caso de emergência. Os tripulantes perderam contacto com a superfície, perto dos destroços do Titanic, que estão a 3.800 metros de profundidade.

Carla Quirino - RTP /
Submersível Titan da Oceangate. Foto: Oceangate

A OceanGate Expeditions confirmou que um dos seus submersíveis - o Titan - tinha desaparecido no Oceano Atlântico durante uma expedição dedicada ao naufrágio do Titanic.

O submersível desapareceu no domingo no Atlântico, a cerca de 435 milhas ao sul de Newfoundland, em águas canadianas. O contacto foi perdido uma hora e 45 minutos após o mergulho na tarde de domingo, explicou a Guarda Costeira dos EUA.

David Concannon, consultor da empresa, informou que o Titan tem uma reserva de oxigénio de 96 horas em caso de emergência, o que significa que restam apenas cerca de dois dias de "suporte de vida".
O contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA John Mauger observou, por sua vez, que a localização "remota" tornou a operação de busca um "desafio". “É uma área remota e é um desafio conduzir uma busca nessa área remota”, avançou um comandante da Guarda Costeira na segunda-feira.

"Estamos a mobilizar todos os recursos disponíveis para garantir que possamos localizar a embarcação e resgatar as pessoas a bordo", declarou.

O navio de apoio do Titan, o quebra-gelo de investigação canadiano Polar Prince, continua a fazer buscas na superfície durante dia a noite, assim como a aeronave canadiana P8 Poseidon, que já retomou as buscas na manhã desta terça-feira.


Reuters
O que é o Titan?
O Titan é um pequeno submersível operado pela OceanGate - uma empresa com sede nos EUA que disponibiliza submarinos tripulados para a investigação e exploração.

Os bilhetes custam perto de 250 mil euros e cobrem uma viagem de oito dias, incluindo mergulhos nos destroços.

Segundo a empresa, o Titan é capaz de mergulhar a mais de quatro mil metros "com uma confortável margem de segurança".

A embarcação leva cerca de duas horas para descer aproximadamente 3.800 metros - onde os destroços do Titanic estão numa trincheira no Atlântico. Pesa 10,4 toneladas e está programado para enviar uma mensagem a cada 15 minutos para sinalizar a localização e fazer saber a quem está em terra que a viagem decorre em segurança.
Quem está a bordo
O multimilionário britânico Hamish Harding, de 58 anos, foi confirmado como um dos passageiros. O seu enteado Brian Szasz avançou, no Facebook, que o padrasto estava nos seus "pensamentos e orações".

Harding é o atual presidente da Action Aviation - uma empresa de vendas e operações que oferece uma variedade de serviços no setor de aviação executiva.

Stockton Rush é o presidente executivo e fundador da OceanGate Inc, a empresa que opera o submersível desaparecido. Tem um percurso profissional como piloto e é também fundador e membro do conselho de administração da organização sem fins lucrativos OceanGate Foundation, que procura catalisar a tecnologia marinha emergente para novas descobertas em ciência, história e arqueologia.

Paul-Henry Nargeolet é um ex-comandante que serviu na Marinha Francesa ao longo de 25 anos. Durante o serviço, tornou-se o capitão do grupo de submersão profunda da marinha. Ingressou depois no Instituto Francês de Pesquisa e Exploração do Mar, segundo a The Five Deeps Expedition - empresa que reúne cientistas, engenheiros e operadores de submersíveis para missões.

O empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Suleman, também seguem a bordo, informou a família em comunicado: "Estamos muito gratos pela preocupação demonstrada pelos nossos colegas e amigos e gostaríamos de pedir a todos que rezem pela sua segurança". Os Dawoods pertencem a uma das famílias mais proeminentes do Paquistão e detêm uma empresa que investe em todo o país na agricultura, indústrias e no setor de saúde.
Socorro recorre a ROV

Num e-mail dirigido à Associated Press, Concannon anunciou que as autoridades estão a preparar "um veículo operado remotamente (ROV)" que poderá atingir uma profundidade de seis mil metros e aproximar-se do "local o mais rápido possível".

Os ROV podem ser lançados na lateral de uma embarcação, à qual são ligados por um “cordão umbilical”. O dispositivo permite ao piloto operar os propulsores e também transmitir dados em tempo real dos sistemas de sonar e de câmara. No entanto, a quantidade de destroços do Titanic no fundo do oceano pode interferir na informação porque pode levar algum tempo a distinguir o que são detritos e o que é o Titan.

Diversos especialistas alertam para dificuldade em recuperar o pequeno submarino, caso "esteja preso nos destroços centenários".

“Existem partes dele [o Titanic] por todo o lugar. É perigoso”, vincou Frank Owen OAM, oficial reformado da Marinha Real Australiana e diretor do projeto de resgate e fuga de submarinos.

Alistair Greig, professor de engenharia naval da University College London, observou que “Se a embarcação desceu ao fundo do mar e não pode voltar por conta própria, as opções são muito limitadas".

“Embora o submersível ainda possa estar intacto, se estiver além da plataforma continental, há pouquíssimas embarcações que podem chegar tão fundo e certamente não mergulhadores”, acrescentou Greig.

A OceanGate Expeditions realiza expedições desde 2021.

No site da empresa desde segunda-feira pode ler-se a mensagem: “Todo o nosso foco está nos membros da tripulação do submersível e nas suas famílias. Estamos profundamente gratos pela ampla assistência que recebemos de várias agências governamentais e empresas de alto mar durante os nossos esforços para restabelecer o contato com o submersível".
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