Contraofensiva. "Precisamos de um pouco mais de tempo", admite Zelensky

O presidente ucraniano reconhece que a Ucrânia ainda não está pronta para desencadear a esperada contraofensiva da primavera, por falta de meios militares. Durante uma entrevista em Kiev a emissoras públicas europeias, divulgada esta quinta-feira, Volodymyr Zelensky reitera que não aceita entregar território ucraniano a Moscovo.

Carla Quirino - RTP /
Yves Herman - Reuters

Num momento em que Ucrânia reivindica sucesso no leste, onde as suas tropas conduzem "contra-ataques eficazes" na área de Bakhmut, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, admite que o país ainda precisa de "um pouco mais de tempo", antes de lançar a tão esperada contraofensiva.

Depois de terem infligido "enormes perdas" às forças russas e aos mercenários do grupo Wagner, as forças de Kiev aguardam a chegada de mais armas dos aliados ocidentais.

"Com [o que temos] podemos seguir em frente e ter sucesso. Mas perderíamos muita gente. Acho isso inaceitável", afirmou o presidente.
Zelensky alega que o exército ucraniano necessita de "algumas coisas", nomeadamente veículos blindados, que "chegam em lotes".

Esta ajuda inclui equipamento alemão como os Leopard 2 e os britânicos Challenger 2 e outros veículos blindados como os norte-americano Bradleys e Strykers.
Apoio dos EUA
Estas declarações de Zelensky acontecem um dia depois do anúncio norte-americano de um novo pacote de ajuda de 1,2 mil milhões de dólares para a Ucrânia, destinado a reforçar as defesas aéreas e manter o fornecimento de munições.

Volodymyr Zelensky diz acreditar que vencerá a guerra antes das eleições norte-americanas de 2024 e minimiza o impacto de um cenário de viragem de Biden para Trump.

A Ucrânia ainda tem garantido o apoio bipartidário no Congresso dos EUA, afiança Zelensky. "Quem sabe onde estaremos quando decorrerem as eleições?", questiona, para afirmar: "Acredito que venceremos até lá".
Nem pensar em perder território
Para já, são remotas as possibilidades de uma solução negociada de paz. Kiev e Moscovo mantêm a palavra de que vão lutar até a vitória de um e capitulação do outro.

O presidente Zelensky avançou com uma proposta de paz com dez pontos. Pede a devolução de todos os territórios invadidos, pagamentos de reparação por danos da guerra e a criação de um tribunal especial para processar crimes de guerra russos, um plano que Moscovo rejeitou categoricamente.

O New York Times noticiou que nove das 12 unidades militares ucranianas foram treinadas por vários países da NATO, incluindo Estados Unidos e França, no quadro da preparação da contraofensiva.

Em caso de falha, mesmo parcial, de um novo ataque, Zelensky teme que o Ocidente reduza as ajudas e encoraje Kiev a negociar com Moscovo a possivel concessão de territórios, entretanto já sob domínio russo.

"Eles (o Ocidente) não podem pressionar a Ucrânia a ceder territórios. Porque é que um país, em qualquer lugar do mundo, deveria dar os seus territórios a Putin?", argumenta.

As forças russas fortaleceram as defesas ao longo de uma linha de frente de 1.450 quilómetros de extensão, que vai das regiões orientais de Lugansk e Donetsk até Zaporizhzhia e Kherson, no sul.

Numa guerra que está quase no 15.º mês, continua bem guardada a resposta à questão: para quando e onde o contra-ataque ucraniano?
PUB