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Convenção do NRA. Trump defende venda livre de armas e acena com candidatura presidencial

por RTP
Rachel Mummeym, Reuters

Em discurso com contornos de pré-campanha para as presidenciais de 2024, o ex-presidente norte-americano Donald Trump defendeu um rol de medidas para evitar novos massacres em escolas, mas opôs-se ao controlo da venda de armas.

Na Convenção da National Rifle Association (NRA), ontem realizada em Houston, Texas, Donald Trump referiu-se ao "massacre hediondo" na escola de Uvalde, mas para logo passar a polemizar com o Partido Democrático, segundo citação do diário local Texas Tribune: "Agora é tempo de encontrar um terreno comum. [Mas,] infelizmente, antes mesmo de o sol se pôr no dia da terrível tragédia, assistimos ao habitual desfile de políticos que procuram explorar as lágrimas e soluços das famílias para aumentar o seu poder e retirar-nos os nossos direitos constitucionais".

Segundo o Texas Tribune, os serviços secretos proibiram a entrada de armas na Convenção durante o discurso de Trump, apesar de a NRA ser o lobby por excelência pela liberalização da venda de armas, e apesar de ter vindo a lume recentemente que uma grande parte dos congressistas circulam no Capitólio com armas descarregadas.

O dinheiro investido pela NRA para cortejar os políticos de quem depende a legislação sobre a venda de armas atinge os 2 milhões de dólares, segundo uma outra publicação, The Dallas Morning News, o que se torna agora tanto mais necessário para o lobby das armas quanto os próprios eleitos republicanos do Texas dão sinais de vacilar nas suas convicções após o massacre de Uvalde.

Mas o discurso de Donald Trump não deu qualquer sinal de vacilação e esteve inteiramente sintonizado com o lobby das armas. Basicamente, ele propôs no discurso um rol de medidas preemptivas contra novos massacres - tudo o que seria imaginável com esse objectivo, menos a restrição da venda livre de armas.

Entre as medidas elencadas pelo antigo inquilino da Casa Branca contam-se:

  • Escolas com uma entrada apenas
  • Vedações impenetráveis em torno das escolas
  • Detectores de metais à entrada das escolas
  • Um polícia ou um vigilante armado a tempo inteiro
  • Portas reforçadas nas salas de aula
  • Professores treinados e armados nas salas de aula
  • Internamento sistemático de pessoas com perturbações mentais

O discurso insinuou ainda um apelo a milícias de vigilantes, de que a própria NRA poderia constituir a coluna vertebral: "Na ausência de um agente da autoridade, não há ninguém que gostássemos mais de ter ao nosso lado quando irrompe uma crise do que um membro armado, especializado e treinado da NRA".

Embora não tenha explicitamente anunciado a sua intenção de concorrer às eleições presidenciais de 2024, Trump utilizou a tribuna da Convenção para apelar ao voto republicano nas eleições intercalares deste ano: "Em 2022, vamos votar duramente sobre o crime, [pelos] candidatos pró-Segunda Emenda em números recorde. Vão lá e votem - garantam que a eleição é honesta, já agora".

E lançou então a referência mais clara às suas intenções de recandidatura: "Juntos, vamos reconquistar a Câmara, vamos reconquistar o Senado. E em 2024, vamos reconquistar aquela grande e bela Casa Branca, que queremos e amamos tanto".
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