Coreia do Sul preocupada com expansão do programa nuclear do Norte

por Lusa
Moon Jae-in termina o mandato presidencial em março e está preocupado com a expansão do programa nuclear da Coreia do Norte Reuters

O presidente sul-coreano manifestou esta quinta-feira preocupação face à possível expansão dos programas nuclear e de armamento da Coreia do Norte a reavivar os receios de guerra na península.

As tensões renovadas entre Washington e Pyongyang têm sido um grande revés para Moon Jae-in, um liberal pacifista e filho de refugiados de guerra do Norte, que apostou na aproximação entre as duas Coreias.

As eleições presidenciais sul-coreanas vão realizar-se em março e Moon deverá abandonar o cargo em maio, pondo fim ao seu mandato presidencial de cinco anos.

O presidente sul-coreano pediu, numa declaração escrita enviada à agência de notícias Associated Press e outras agências, uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para resolver divergências profundas nas negociações do fim das sanções contra o Norte e medidas de desarmamento de Pyongyang.

"Se os repetidos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte chegarem ao ponto de violar a moratória (norte-coreana), isso traria imediatamente a península coreana de volta à situação de crise de há cinco anos, quando existiam preocupações de guerra", disse Moon.

"Os líderes políticos das nações relacionadas deviam empenhar-se num diálogo e diplomacia persistentes para evitar uma crise semelhante", sublinhou.

Caminho de altos e baixos

Em 2017, Kim realizou uma série de testes nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais, desencadeando uma troca verbal de ameaças de guerra com o então presidente dos EUA Donald Trump, antes do início, em 2018, da estratégia diplomática com Seul e Washington.

Em 2018, Moon encontrou-se três vezes com Kim e desenvolveu os preparativos para as cimeiras entre Kim e Trump.

Mas o esforço diplomático nunca recuperou do fracasso da segunda cimeira Kim-Trump, em 2019, no Vietname, onde os EUA rejeitaram as exigências da Coreia do Norte de um alívio importante das sanções em troca do desmantelamento de uma instalação nuclear.

A Coreia do Norte também cortou toda a cooperação com o governo de Moon, ao mesmo tempo que manifestava o desagrado pelos exercícios militares EUA-Coreia do Sul.

Moon Jae-in pediu que o próximo governo sul-coreano pressione para a concretização de uma declaração política entre as Coreias, os EUA, e possivelmente a China, para terminar formalmente a Guerra da Coreia (1950-53), substituindo o armistício assinado por um tratado de paz.

No início deste ano, Pyongyang realizou vários testes de mísseis, aparentemente suspensos durante os Jogos Olímpicos de Inverno na China, principal aliado do regime.

Observadores disseram acreditar que a Coreia do Norte vai aumentar aqueles testes depois de Pequim2022 para tentar pressionar Biden, cuja administração propôs conversações, sem demonstrar qualquer intenção de aliviar as sanções antes de qualquer corte significativo no programa nuclear norte-coreano.
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