Coronavírus. DGS salienta importância de resposta "proporcionada" ao risco

por RTP

No Telejornal, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu que Portugal está a fazer tudo o que é suposto perante os perigos do novo coronavírus, mas que não pode evitar totalmente ter casos no território nacional. "Estes vírus não conhecem fronteiras e a prova é que a partir do epicentro na China, apesar de todas as medidas de contenção que a China tomou, neste momento há focos em vários países do mundo", salientou a responsável.

Em declarações ao Telejornal da RTP, Graça Freitas disse que as medidas de prevenção ao alcance as autoridades de saúde "devem estar de acordo com o risco".

Sobre a falta de controlos nos voos de ligação entre Portugal e Itália - país onde há neste momento um foco importante do novo coronavírus - a diretora-geral da Saúde esclarece que "não há evidência que esse controlo à entrada e à partida seja muito eficaz".

"As pessoas que adoecem têm um período de 14 dias para desenvolver sintomas, o chamado período de incubação da doença. Muito dificilmente se detetam casos exatamente no momento em que desembarcam", explica.

As medidas devem ser neste momento, informar os passageiros. No entanto, admite que esse tipo de controlo, com recurso aos testes de temperatura, poderá ser feito "em situações muito mais gravosas do que esta".

"Eventualmente, só como recurso muito extremo" se irá recorrer à vigilância da temperatura, diz Graça Freitas.

"Mas é um método que pode à mesma deixar muitas pessoas que possam estar infetadas mas ainda sem sinais de sintomas. Dá uma falsa sensação de segurança", acrescenta a responsável.

Sobre a evolução da situação em Itália, a diretora-geral da Saúde salienta que o novo coronavírus "é uma doença que se propaga de forma relativamente fácil mas que não tem uma letalidade tão grande quanto outras doenças".

Por isso, o maior esforço deve ser feito no sentido de detetar casos precocemente, sendo que uma das maiores dificuldades pode estar nos doentes assintomáticos, que não são identificados num rastreio de temperatura e que nem sequer sabem que podem estar a transmitir a doença.

"A nossa principal missão é reforçar a deteção precoce de casos sintomáticos. Esses casos, se tiverem nos últimos dias uma história compatível com presença numa área afetada (…) ou uma história de contacto com doentes, devem ser rapidamente sinalizados para um hospital de referência", frisa a diretora-geral da Saúde.

Ainda há várias dúvidas quanto a este vírus e por isso as autoridades de saúde podem impedir as autoridades de saúde de tomar medidas tão efetivas quanto seria desejável, admite.

"Nós não sabemos durante quanto tempo as pessoas estão contagiosas, mesmo depois de terminarem os sintomas, uma vez recuperadas", acrescenta.
Português no Japão vai ser hospitalizado

Sobre o português infetado no Japão, a DGS garante que está a acompanhar a situação com o Regulamento Sanitário Internacional, coordenado pela Organização Mundial de Saúde.

Mas neste caso em particular, o melhor canal de informação são mesmo os serviços da Embaixada em Tóquio e do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O português infetado vai sair de madrugada do navio e será conduzido a um hospital de referência no Japão onde será acompanhado, numa situação de isolamento.

A Organização Mundial de Saúde admite que a atual situação de aproxima mais de uma pandemia, até porque a doença começou por estar contida na China mas apresenta já alguns focos em vários países do mundo.

A situação aproxima-se de pandemia "à medida que a doença se começa a espalhar e a dar cadeias de transmissão e novos casos noutros países".

Neste momento é muito difícil de saber se o pico da doença já foi atingido, uma vez que não se conhecem todas as características deste vírus. "Não é como o vírus da gripe que tem um comportamento que nós conhecemos", acrescenta.

O fim do Inverno pode ser uma ajuda, uma vez que o coronavírus é sazonal. No entanto, os vírus não costumam respeitar a sazonalidade quando surgem pela primeira vez, explica Graça Freitas.

"Pode propagar-se mais lentamente com temperaturas elevadas mas não quer dizer que desapareça totalmente nos meses mais quentes", acrescenta a responsável, lembrando que a pandemia da gripe A ocorreu entre abril e agosto de 2009, meses em que foram registados milhares de casos.

Graça Freitas recomenda aos portugueses que apostem no distanciamento social e que se tomem medidas de higiene com preocupação sobretudo com as mãos.
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