Coronavírus. Epidemia na China está "no ponto crítico"

por RTP

Mais de 40 mortos na China e confirmação de novos casos um pouco por todo o mundo, da Europa à Austrália. O 2019-CNOV, um novo coronavírus identificado esta semana após soarem as campainhas de alarme, já marcou presença em vários países. Provoca sintomas semelhantes aos da gripe que pode evoluir para pneumonia e em grupos de risco pode ser fatal.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde anunciou a ativação dos dispositivos de saúde pública de prevenção, enquanto o Centro Europeu de Controlo de Doenças elevou para "moderado" o risco de contágio na União Europeia, continuando a monitorizar a situação e a realizar avaliações rápidas de risco.

Nas últimas horas, morreram 15 pessoas na província de Hubei, elevando o número total de mortos para 41.

De acordo com as autoridades chinesas, citadas pela agência France-Presse, foi montada uma operação de quarentena que vai cobrir 13 cidades nesta província para tentar conter a propagação deste vírus.
As autoridades chinesas consideram que o país está no ponto "mais crítico" no que toca à prevenção e controlo do2019-CNOV.

Três cidades, Wuhan - onde começou o surto e onde a circulação de veículos não essenciais foi mesmo proibida - e as vizinhas Huanggang e Ezhou, estão já isoladas. Ninguém entra ou sai delas.

Só nesta região vivem mais de 18 milhões de pessoas. Ao todo, foram colocados de quarentena mais de 50 milhões de chineses.


Wuhan está também a construir um segundo hospital para tratar os doentes que será construído “dentro de duas semanas”.

O novo hospital terá capacidade para 1.300 camas, as quais se somarão aos 1.000 leitos previstos para o primeiro hospital para pacientes portadores do vírus que será construído em dez dias, conforme foi anunciado na sexta-feira.
Contenção obrigatória
Segundo a Comissão Nacional de Saúde (CNS) chinesa, serão montados pontos de inspeção para controlar a circulação dos passageiros que viajem de comboio, autocarro ou aviões.

Todos os viajantes que sejam identificados com sintomas de pneumonia serão "imediatamente transportados" para um centro médico
, anunciou a CNS em comunicado citada pela agência de notícias francesa France Press.

Além disso, os meios de transporte onde sejam identificadas pessoas suspeitas serão desinfetados e as pessoas que estavam nas proximidades de um passageiro possivelmente infetado devem ser listados, ordenou o CNS.

Quase meio milhar de médicos militares foram entretanto mobilizados para Wuhan, onde começaram a chegar de avião sexta-feira à noite, de acordo com a agência estatal Xinhua.

Os 450 médicos são funcionários da marinha, da força aérea do Exército de Libertação Popular e de universidades militares. As equipas são compostas por especialistas em saúde respiratória, doenças infecciosas, controlo de infeções hospitalares e unidade de terapia intensiva.

Em todo o território continental chinês há registo de mais de 800 pessoas infetadas e cerca de 1.000 casos suspeitos.
Três casos em França
O novo vírus foi detetado na China no final de 2019.

Em poucas semanas chegou à Europa, onde foram identificados sexta-feira, em França três casos. Está ainda sob análise outro caso, no País basco, Espanha.
Os Estados Unidos sinalizaram dois casos e as autoridades notam sinais de se estar a espalhar.

A epidemia está a alastrar sobretudo em países asiáticos. Estão confirmados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão.

A Austrália juntou-se sábado, 25 de janeiro, aos países onde o vírus foi detetado. O paciente identificado, que está a ser tratado numa sala isolada de um hospital de Melburne, tinha chegado à Austrália no dia 19 de janeiro vindo de Wuhan, cidade chinesa epicentro do surto.

"O homem de 50 anos, um visitante da China, está em condições estáveis, apesar da sua doença respiratória. Foi confirmado positivo (...) após uma série de testes", apontou em comunicado o Departamento de Saúde e Serviços Humanos de Victoria.

As autoridades da Malásia anunciaram sábado terem registado os primeiros três casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus detetado na China.

São cidadãos chineses e familiares próximos de um homem de 66 anos que já tinha sido infetado com o vírus em Singapura. A mulher e os seus dois netos foram rastreados e deram positivo, disse o ministro da Saúde da Malásia, Dzulkefly Ahmad.

Os três casos foram confirmados no estado de Johor, que faz fronteira com Singapura. Os três foram transferidos de Johor e estão atualmente em tratamento no hospital Sungai Buloh, no estado de Selangor.
Hong Kong declara estado de emergência
Hong Kong declarou o estado de emergência devido ao coronavírus e vai manter encerradas as escolas primárias e secundárias durante as duas próximas semanas, depois das férias do Ano Novo Lunar.

Outra das medidas conhecidas este sábado foi a decisão de bloquear o acesso de comboios e aviões com origem na cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus foi detetado pela primeira vez no final do ano passado.
EUA enviam 'charter' para Wuhan

Os Estados Unidos vão enviar um voo 'charter' no domingo para a região de Wuhan para retirarem os cidadãos norte-americanos que ali estão, incluindo pessoal diplomático.

O Presidente chinês, Xi Jinping, já reuniu o politburo para debater medidas a tomar para tentar controlar a epidemia do coronavírus.

C/Lusa
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