Covid-19. Bernie Sanders critica Israel por doar poucas vacinas aos palestinianos

por Inês Moreira Santos - RTP
Stefani Reynold - EPA

Senador norte-americano e ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Bernie Sanders, criticou o governo israelita por enviar vacinas contra a Covid-19 a aliados estrangeiros antes de as enviar aos palestinianos.

No início da semana, Israel afirmou que vai doar uma "quantidade limitada" de doses não utilizadas de vacinas contra a Covid-19 aos palestinianos e a alguns países, como as Honduras, que prevê abrir uma embaixada em Jerusalém. Mas esta medida do Governo israelita não agradou aos palestinianos, segundo noticiou o New York Times, uma vez que consideram que Israel dará prioridade aos países aliados e não aos povos que vivem sob o controlo israelita nos territórios ocupados.

De facto, Israel prometeu pelo menos o dobro das doses a outros países do que prometeu, até agora, aos quase cinco milhões de palestinianos que vivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Na sequência desta publicação, Bernie Sanders criticou o Governo de Benjamin Netanyahu por deixar os palestinianos à espera, enquanto "recompensa" outras nações por razões diplomáticas.

​"Como potência que ocupa a região, Israel é responsável pela saúde de todas as pessoas sob seu controle. É ultrajante que Netanyahu use vacinas extras para recompensar os seus aliados estrangeiros enquanto tantos palestinianos nos territórios ocupados ainda estão à espera"
, escreveu no Twitter, partilhando a notícia do NYT.


Israel já enviou, nas últimas semanas, alguns milhares de doses de vacina para a Cisjordânia ocupada, destinadas ao pessoal médico da Autoridade Nacional Palestiniana.

Segundo a ONU e diversas organizações não-governamentais (ONG), e na qualidade de "ocupante", Israel tem a "obrigação" de "fornecer" vacinas aos 2,8 milhões de palestinianos na Cisjordânia ocupada e aos dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza, submetida a um bloqueio israelita.

Inicialmente, quando Israel começou a distribuição de vacinas em dezembro de 2020, alguns ativistas e meios de comunicação estrangeiros criticaram o Governo por não incluir os palestinianos no Plano de Vacinação. Mas o Estado judaico respondeu que a Autoridade Palestiniana (AP) era responsável pela saúde da sua população, incluindo a distribuição de vacinas.

O senador democrata é a mais recente personalidade a criticar as medidas de Israel em relação à pandemia nos territórios palestinianos ocupados.

Antes, Jamaal Bowman, um congressista de Nova Iorque, enviou uma carta ao cônsul-geral de Israel em Nova Iorque, Israel Nitzan, a questionar o porquê de os colonos israelitas na Cisjordânia estarem a ser vacinados e os palestinianos na mesma região não.

"Fiquei animado ao ler que o governo israelita concordou recentemente em doar cinco mil doses da vacina aos palestinianos para imunizar os profissionais de saúde da linha de frente, mas toda a população da Cisjordânia e de Gaza também deve ser coberta", escreveu Bowman.

Israel, que detém o recorde do mundo em número de habitantes vacinados, já administrou as duas doses da vacina Pfizer/BioNTech a três milhões de israelitas, cerca de um terço da sua população. O Estado judaico iniciou a 19 de dezembro uma vasta e rápida campanha de vacinação após um acordo com a Pfizer e que permitiu a Israel obter rapidamente milhões de doses em troca de dados biomédicos sobre o efeito da vacina.
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