Covid-19. China com três casos locais e 59 importados

por Cristina Sambado - RTP
Aeroporto de Wuhan onde foram levantadas as restrições de circulação Aly Song - Reuters

Nas últimas 24 horas, a China registou 62 novos casos de infeção por Covid-19, três de contágio local e os restantes importados, um aumento significativo face aos dias anteriores. As restrições na cidade de Wuhan, o epicentro da pandemia, foram levantadas 11 semanas depois.

O número total de novos casos quase duplicou face ao dia anterior, quando se fixou nos 32. Os três casos de contágio local foram detetados nas províncias de Shandong, no nordeste do país, e Guangdong, que faz fronteira com Macau.

Segundo a Comissão Nacional Chinesa, até à última meia-noite local (17h00 em Lisboa), morreram mais duas pessoas devido a infeção pelo novo coronavírus, depois de, na terça-feira, o país ter registado, pela primeira vez desde janeiro passado, zero óbitos.

Os dados oficiais revelam que o número total de infetados diagnosticados na China, desde o início da pandemia, é de 81.802, entre os quais 3333 morreram e 77.279 tiveram alta após superarem a doença.

O país asiático soma assim 1190 casos ativos, entre os quais 189 continuam em estado grave.

Com muitos chineses radicados no exterior a voltar ao país, à medida que a doença se alastra pelo resto do mundo, a China passou a contar com centenas de casos importados.

Desde o início do surto, em dezembro passado, 715.854 pessoas em contacto próximo com infetados estiveram sob vigilância médica na China, entre os quais mais de 13.334 permanecem sob observação.

A China revelou ainda que detetou 137 novos casos assintomáticos, elevando o total para 1.095. A Comissão Nacional de Saúde só começou na quarta-feira passada a divulgar o número de pessoas infetadas, mas que não têm sintomas.
Restrições levantadas em Wuhan
Depois de 76 dias, as autoridades chinesas levantaram as restrições à circulação em Wuhan, o que permite que a população volte a entrar e a sair da cidade.

A China isolou Wuhan, uma cidade de 11 milhões de habitantes, a 23 de janeiro para evitar a propagação do novo coronavírus.

Mais de 82 mil pessoas residentes na capital da província de Hubei foram infetadas SARS-CoV-2 e cerca de 3300 morreram. Os óbitos em Wuhan representam cerca de 80 por cento do número de vítimas mortais na China.

Segundo fontes oficiais, na passada semana, Wuhan anunciou apenas mais um novo caso de Covid-19.

A proibição imposta pelas autoridades chinesas a Wuhan tem servido de modelo a grande parte dos países afetados pelo novo coronavírus.


Com o fim das restrições, os cerca de 11 milhões de habitantes da cidade podem viajar sem qualquer autorização especial de e para Wuhan. No entanto, têm se seguir uma série de regras impostas pelo Governo chinês.

Todos os viajantes terão de utilizar obrigatoriamente uma aplicação nos telemóveis
que junta uma série de dados de localização e de vigilância governamental que permitem demonstrar que estão saudáveis e que não estiveram recentemente em contacto com alguém contaminado com o novo coronavírus.

Ainda assim, as autoridades instaram os residentes a não deixar a província, a cidade, ou mesmo o bairro, a menos que seja absolutamente necessário.

Mas, assim que foram levantadas as restrições, centenas de passageiros preparavam-se para abandonar Wuhan, enchendo as estações ferroviárias da cidade.

Nas várias estações de Wuhan era percetível uma relativa efervescência, à medida que as centenas de passageiros lá chegavam e aguardavam pelo comboio.

As forças de segurança chinesas, com megafones na mão, lembravam aos viajantes as medidas de higiene e o distanciamento de um metro entre as pessoas, enquanto dos altifalantes das diferentes estações ferroviárias saíam com elogios a Wuhan, "cidade de heróis".

Nas duas margens do rio Yangtze, o fim do isolamento foi marcado por um espetáculo de luzes em homenagem aos profissionais de saúde.

Os cidadãos de Wuhan que se dirigiram a Pequim, a capital do país, vão ser submetidos a novos testes.

c/ agências
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