Covid-19. Combinação de três antivirais poderá ajudar à recuperação de doentes

por Joana Raposo Santos - RTP
Os pacientes que receberam este cocktail de medicamentos testaram negativo para a Covid-19 depois de sete dias de tratamento, em média. Foto: Fabrizio Bensch - Reuters

Uma combinação de três medicamentos antivirais, em conjunto com um impulsionador do sistema imunitário, terá ajudado alguns pacientes com Covid-19 a melhorar mais rapidamente da infeção. A conclusão é de um estudo realizado por médicos em Hong Kong.

O médico Kwok-Yung Yuen e os seus colegas da Universidade de Hong Kong têm testado os medicamentos ritonavir e lopanivir, habitualmente usados em pacientes com VIH, juntamente com o antiviral ribavirin e uma outra medicação utilizada em doentes com esclerose múltipla.

Os pacientes que foram submetidos a esses testes tinham sintomas de ligeiros a moderados e foram tratados sete dias depois de testarem positivo para a Covid-19. De acordo com os investigadores, a combinação de medicamentos administrada fez com que os infetados se sentissem melhores passado quatro dias. Os investigadores acrescentaram que os efeitos secundários do conjunto de medicamentos foram muito poucos.

Além disso, os pacientes que receberam este cocktail de medicamentos testaram negativo para a Covid-19 depois de sete dias de tratamento, em média. Aqueles que apenas receberam os medicamentos para a VIH e não os restantes, testaram negativo após 12 dias.

“A tripla terapia antiviral foi segura e superior à administração de apenas ritonavir e lopanivir, conseguindo aliviar sintomas e encurtar a duração da disseminação do vírus no corpo, reduzindo ainda o tempo de internamento hospitalar dos pacientes com sintomas ligeiros a moderados”, explica o estudo publicado na revista científica Lancet.

Atualmente, o único medicamento autorizado para o tratamento de doentes com Covid-19 é o antiviral remdesivir, que também tem ajudado na recuperação. Muitos hospitais queixam-se, porém, de não terem acesso a esse medicamento.
“Não temos o luxo do tempo”
Peter Chin-Hong, médico que está a tratar pacientes com Covid-19 na Califórnia, acredita que este estudo oferece esperança na luta contra a pandemia. “A investigação é muito refrescante porque nos diz que o remdesivir não é o único medicamento que existe e que pode haver outras opções disponíveis”, afirmou à CNN.

“Estes medicamentos possuem um longo histórico de segurança”, explicou. “Talvez possamos usufruir deles enquanto não houver uma solução mágica”.

Muitos grupos de investigadores estão neste momento a testar combinações de medicamentos que possam ser eficazes contra a Covid-19, apesar de todos concordarem que essa não será uma cura para a doença.

“Com a Covid-19 não temos o luxo do tempo”, considerou Chin-Hong. “Este é um dos casos em que estamos a ensinar novos truques a velhos medicamentos. Não temos tempo para produzir racionalmente um medicamento do início ao fim porque a crise está a acontecer agora. Temos de usar aquilo que já temos”.

O novo coronavírus já infetou quase quatro milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 274 mil são vítimas mortais. O número de recuperados é agora superior a um milhão.
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