Covid-19. Como vai ser o Natal pela Europa?

por Joana Raposo Santos - RTP
Enquanto alguns países europeus optam por relaxar as regras para permitirem um Natal em família, outros poderão apertá-las. Simon Dawson - Reuters

Os países europeus já começaram a anunciar medidas para o período natalício, numa altura em que continuam a lidar com elevadas taxas de infeção pelo novo coronavírus. Enquanto algumas nações europeias optam por relaxar as regras para permitirem um Natal em família à população, outras poderão apertá-las.

Em Portugal ainda não foram divulgadas medidas para a época festiva, mas é já possível fazer uma previsão. No último sábado, após anunciar as novas medidas do estado de emergência - atualmente em vigor até 8 de dezembro -, António Costa lançou uma pista.

"Ficaria muito surpreendido se não houvesse estado de emergência no Natal, porque isso significa que a evolução do combate à epidemia teria sido muito rápida", afirmou o primeiro-ministro.

Se o estado de emergência vigorar durante o período natalício, poderão esperar-se medidas semelhantes às que o país enfrenta atualmente, nomeadamente restrições à circulação em determinados horários e regiões e o encerramento antecipado do comércio e da restauração.
Espanha limita festejos a seis pessoas
Em Espanha, o Governo de Pedro Sánchez propôs um Natal e Ano Novo “diferentes”. As celebrações apenas poderão contar com seis pessoas e aconselha-se que sejam realizadas em espaços abertos, como esplanadas de restaurantes. A exceção aplica-se a famílias de mais de seis elementos que vivam na mesma casa.

“Com respeito pelas reuniões familiares, recomendamos que estas sejam limitadas a coabitantes. Se tiver de haver um convidado externo que não viva habitualmente com a família, deverá haver um máximo de seis pessoas nesse evento e as medidas preventivas devem ser cumpridas”, estabeleceu o Governo de Espanha.

A 24 e a 31 de dezembro, o recolhimento obrigatório que está em vigor na maioria das regiões espanholas irá passar das 23h00 para a 1h00 da manhã.

Apesar destas restrições, o Executivo espanhol espera que “a alma e o espírito” do período festivo se mantenham. Espanha entrou em outubro num estado de emergência com a duração de seis meses.

Na Catalunha, o Governo regional tenciona permitir ajuntamentos de até dez pessoas no Natal. Um porta-voz do Governo catalão afirmou esta semana que este irá ouvir as propostas de Madrid, mas que tomará as suas próprias decisões.

Na terça-feira, o país vizinho contabilizou mais 12228 casos de infeção pelo novo coronavírus, elevando para 1,6 milhões o total desde o início da pandemia. As mortes são já 43668.
Reino Unido permite “bolhas” de três agregados familiares
O Reino Unido optou por medidas mais relaxadas, permitindo encontros de até três agregados familiares entre 23 e 27 de dezembro. As pessoas poderão juntar-se em habitações, locais de culto ou espaços exteriores e as restrições à circulação serão aliviadas.

No entanto, o Governo de Boris Johnson frisou que estes “círculos natalícios” de pessoas devem ser “exclusivos” e não poderão ir juntos a bares ou restaurantes. Uma vez formadas, estas “bolhas” de pessoas não podem ser alargadas para incluírem mais elementos.

As deslocações de agregados familiares devem ser feitas entre os dias 23 e 27 de dezembro, à exceção de quem viaje desde ou para a Irlanda do Norte, podendo fazê-lo entre 22 e 28.

As medidas foram acordadas entre os líderes de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte na terça-feira. “As celebrações com familiares e amigos no Natal devem ser decididas pessoalmente pelos indivíduos, que devem ter em conta os riscos para si e para os outros”, alertaram as quatro regiões.

“Antes de decidirem unir-se no período festivo, apelamos a que considerem alternativas como o uso de tecnologia ou as celebrações em espaços exteriores”, acrescentaram em comunicado.
França relaxa medidas em três fases
França optou, por sua vez, por um plano de três fases de relaxamento das medidas. A primeira começa já no sábado, com a reabertura do comércio “não-essencial”, como lojas de roupa e cabeleireiros, e de espaços religiosos.

A segunda fase acontece a 15 de dezembro, altura em que será levantado o confinamento, mas apenas se o número diário de infeções for inferior a cinco mil. A medida permitirá à população deslocar-se pelo país para passar o Natal com familiares e amigos.

Em vez de um confinamento obrigatório, passará a haver em França um recolhimento obrigatório entre as 21h00 e as 7h00. Os restaurantes e bares estarão encerrados durante o Natal.

A terceira fase está marcada para 20 de janeiro. Se a curva pandémica o permitir, os restaurantes, ginásios e centros desportivos irão reabrir nesse dia.

Segundo o Presidente Emmanuel Macron, França já passou a segunda onda de infeções pelo novo coronavírus, pelo que as medidas podem começar a ser aliviadas. Mas deixou um alerta: “Se não queremos passar por um terceiro confinamento amanhã, temos de reforçar a nossa vigilância, protegendo os nossos amados, especialmente os mais vulneráveis, ao utilizar uma máscara, incluindo em casa quando estamos com amigos ou familiares que não vivem connosco”.
Alemanha deverá permitir ajuntamentos até dez pessoas
Na Alemanha, 16 Estados federais deverão aprovar ajuntamentos de até dez pessoas pertencentes a um máximo de dois agregados familiares durante o período festivo, com crianças até 14 anos excluídas deste cálculo.

A chanceler Angela Merkel já apelou aos líderes de cada região que se unam para dar uma resposta coerente e coletiva à população alemã.

À partida, o relaxamento de medidas irá ocorrer entre 23 de dezembro e 1 de janeiro. No entanto, o país cancelou todos os mercados de Natal.

Caberá às autoridades locais determinar a permissão ou proibição do uso de fogo de artifício na última noite do ano.
Natal na Finlândia e Suécia poderá não ser celebrado
Na Finlândia e Suécia, os festejos natalícios poderão não ser tão facilitados. Depois de um forte aumento do número de casos na Finlândia, Helsínquia decidiu decretar novas restrições e encerrou escolas, bibliotecas e piscinas. Os eventos públicos foram também proibidos.

A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, avisou na segunda-feira que, caso estas medidas não funcionem, poderá ser decretado um novo estado de emergência no país. Ainda assim, a taxa de contágio na Finlândia permanece a mais baixa da Europa, com 69 casos por 100 mil habitantes.

Na Suécia, que inicialmente e durante muitos meses optou por uma política anti-confinamento na esperança de que a imunidade coletiva da população fosse o melhor método para combater o SARS-CoV-2, o Natal poderá também ser muito diferente do habitual.

O país já registou 6400 mortes e enfrenta uma séria pressão em lares de idosos, onde faltam profissionais. Em maio, o primeiro-ministro Stefan Lofven admitiu ter falhado em proteger os mais velhos.

Este mês, o mais reconhecido epidemiologista sueco adiantou à BBC que a população desse país deve preparar-se para a possibilidade de restrições à circulação durante o período natalício, especialmente numa altura em que as novas infeções acontecem maioritariamente em festas e eventos privados.
Tópicos
pub